Background check: o que é, quais os tipos e como aplicar na sua empresa
Atualizado em 1 de março de 23 | Geral por
Chamamos de background check o processo de consulta de antecedentes de pessoas físicas ou jurídicas em bancos de dados, públicos ou privados, para confirmação de identidade e histórico. Esse processo é importante para aumentar a segurança em novos relacionamentos, prevenir riscos por associação e combater atividades ilegais.
A realização de background check é um dos procedimentos mais indicados para quem deseja aumentar a confiabilidade de seus cadastros, melhorar a qualidade dos relacionamentos, diminuir descumprimentos contratuais e reduzir fraudes. As características das pessoas e relacionamentos determinará a amplitude da pesquisa, a frequência das consultas e as bases de dados utilizadas.
Para entender mais sobre o background check, acompanhe este guia completo sobre o tema!
O que é background check?
O background check, também conhecido por pesquisa de antecedentes ou background screening é a obtenção de informações sobre pessoas físicas ou jurídicas em bancos de dados. O objetivo da pesquisa é confirmar a identidade e informações fornecidas pela pessoa, além de checar antecedentes para prevenir riscos de fraudes, litígios e descumprimentos contratuais.
A frequência da pesquisa, quais serão as fontes consultadas e a permissão legal para fazer essa análise depende muito das características dos envolvidos e relações entre eles. As verificações em processos de Know Your Customer (KYC, Conheça Seu Cliente), por exemplo, podem ser muito mais profundas do que as que são parte de processos seletivos de empregados.
Adotar um procedimento de background check aumenta a segurança nos negócios da empresa, permite antecipar possíveis riscos e analisar a viabilidade dos relacionamentos. Com o uso de processos automatizados de busca de informações é possível realizar o background check visando, dentre outras finalidades:
- Confirmar identidade de pessoas físicas;
- Confirmar dados cadastrais atualizados das pessoas jurídicas, seus sócios e objeto social;
- Verificar a reputação de empresas e pessoas físicas;
- Aplicar protocolos preventivos de PLD-FT (Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Financiamento do Terrorismo);
- Obter informações financeiras para análise de crédito;
- Analisar processos judiciais em andamento, antecedentes criminais e mandados de prisão;
- Inclusão de nomes em cadastros de listas restritivas nacionais e internacionais.
A escolha dos dados que farão parte da pesquisa depende do tipo de relacionamento e negócio que se pretende celebrar.
Antigamente, era comum que as pesquisas de antecedentes demorassem bastante, criando gargalos nos processos de onboarding das empresas. Com o avanço das tecnologias de mineração de dados, no entanto, fazer pesquisas amplas em várias fontes ficou rápido e fácil, permitindo a incorporação dessas avaliações na rotina empresarial.
Como funciona o background check?
O background check, ou verificação de antecedentes, é um processo de investigação adotado principalmente por ambientes corporativos a fim de analisar informações de um indivíduo antes do processo de contratação.
Esta ferramenta também é utilizada por instituições financeiras que concedem empréstimos, agências governamentais que emitem licenças e certificações, entre outras organizações.
Geralmente, nesse processo são buscadas informações sobre a história pessoal, profissional, educacional e criminal do sujeito. Mas ele pode variar de acordo com as necessidades da organização que o realiza.
Mas, para resumir, os dados mais analisados são:
- Verificação de referências pessoais e profissionais: a organização pode entrar em contato com pessoas que conhecem o sujeito, como antigos empregadores, por exemplo, para obter informações relevantes sobre ele;
- Verificação de histórico educacional: a empresa pode entrar em contato com as instituições de ensino que o indivíduo frequentou para verificar suas credenciais educacionais;
- Verificação de histórico profissional: a empresa pode verificar as informações de emprego fornecidas pelo indivíduo, incluindo as empresas onde ele trabalhou, as datas de emprego, as posições ocupadas e as razões para deixar cada cargo;
- Verificação de antecedentes criminais: conferir os antecedentes para descobrir se o indivíduo tem histórico de crimes ou condenações;
- Verificação de crédito: se a organização está concedendo crédito ou responsabilidade financeira a pessoa, ela pode verificar o histórico de crédito para avaliar sua capacidade de honrar dívidas e obrigações financeiras.
Após a coleta de informações, a organização avalia as informações obtidas e toma uma decisão sobre a contratação ou concessão de crédito ao indivíduo.
É importante notar que o processo de background check deve ser realizado com a autorização do indivíduo em questão e estar de acordo com as leis e regulamentações aplicáveis.
Quais as vantagens de fazer background check?
A realização do background check é uma recomendação básica para empresas que desejam alcançar bons níveis de compliance. Sem as informações dos antecedentes de terceiros, como é possível tomar boas decisões?
Em alguns casos, como nas instituições financeiras, transações imobiliárias, contratos de consumo e prevenção às fraudes e lavagem de dinheiro, será indispensável comprovar que a empresa tomou todas as cautelas e fez o background check. Sem essa comprovação, o prejuízo será assumido por quem deixou de tomar cuidado ao fazer negócios. Além dos prejuízos, é possível sofrer punições diversas, que vão desde multas, encerramento de contas bancárias até indenizações por danos morais.
A incorporação do background check aos processos da empresa ajuda a prevenir a ocorrência de fraudes, permite identificar riscos negociais e agir para mitigá-los. É possível, por exemplo, deixar de vender a prazo, exigir uma garantia contratual como a fiança, aval, hipoteca, dentre outros.
O aumento da segurança pelo background check também previne a ação de criminosos. As organizações normalmente procuram empresas que não tomam cuidado para aplicar golpes, fraudes, roubos e sequestro de dados, pois sabem que as chances de sucesso são maiores.
Qual a relação de background check e compliance?
Background check é uma boa prática que tem tudo a ver com as políticas de compliance empresarial. Isso porque, para sistematizar processos de verificação de conformidade, as empresas precisarão criar rotinas de background check, pelo menos, nos “quatro Ks do compliance”: KYC (Know Your Customer ou Conheça Seu Cliente), KYS (Know Your Supplier ou Conheça seu Fornecedor), KYE (Know Your Employee ou Conheça Seu Colaborador) e KYP (Know Your Partner ou Conheça Seu Parceiro).
Dizer que o background check fará parte obrigatória dos quatro Ks do compliance não quer dizer que essa atividade só seja útil nestes relacionamentos. A avaliação de antecedentes por meio de pesquisas faz parte dos trabalhos de auditoria, due diligence e avaliação de risco empresarial em sentido amplo. Sempre que houver riscos, e, por conseguinte, a chance de mitigação, deve ser feita a verificação de antecedentes.
Cada empresa se sujeita a diferentes normas e regulamentos. Por isso, não existe um protocolo universal de conformidade. Para assegurar que a empresa esteja em compliance é importante ter políticas gerais, aplicadas a todas as empresas, mas também atender aos parâmetros normativos, técnicos e éticos de seu segmento de atuação. Isso também vale para as pesquisas de antecedentes: elas deverão ser moldadas de acordo com os riscos e interesses da empresa que faz o background check.
O propósito das políticas de compliance é assegurar que a empresa cumpra todas as normas, regulamentos e princípios éticos. A realização de pesquisas do histórico é uma medida que auxilia na manutenção da conformidade e previne que o mercado financeiro e a atividade empresarial sejam instrumento para ilegalidades.
A atuação preventiva otimiza as finanças empresariais, pois reduz as perdas de tempo e dinheiro. Isso acontece porque agir preventivamente permite que a empresa identifique pontos de melhoria, evitando retrabalho. Além disso, evita custos imprevisíveis em procedimentos que precisarão ser implementados de forma emergencial para reparar um problema.
Ainda sobre o tema compliance, você sabe o que é uma cultura de speak up e qual a relação com o processo de background check? Desenvolvemos o e-book Background check como mecanismo de promoção à cultura de speak up, em parceria com duas grandes especialistas, para que você entenda mais sobre esse tema.
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Qual a relação do background check com a LGPD?
Uma das normas que mais alterou a organização empresarial dos últimos anos foi a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, ou LGPD (Lei 13.709/2018). Desde que entrou integralmente em vigor, a lei já foi base para julgamentos nas esferas cível, administrativa e na Justiça do Trabalho. Por isso, o departamento de compliance não pode esquecer das normas referentes ao tratamento de dados pessoais ao fazer background check.
Sempre que houver uso de dados capazes de identificar uma ou mais pessoa física, também chamada de pessoa natural, estaremos diante de uma possível hipótese de incidência da LGPD. Ao lidar com esse tipo de informação é importante obedecer aos princípios de tratamento adequado de dados pessoais previstos na Lei:
- Finalidade: o uso de dados pessoais deve ter uma finalidade legítima, específica e explícita, informados ao titular das informações;
- Adequação: as informações da pessoa física devem ser compatíveis com os objetivos da consulta, sem excessos;
- Necessidade: quem consulta, trata e armazena os dados deve se ater aos seus objetivos, evitando ir além do que for estritamente necessário;
- Livre acesso: os titulares dos dados pessoais terão livre acesso a todas as informações que a empresa tiver que lhes diga respeito, durante todo o tempo em que os dados estiverem em poder da empresa, de forma gratuita;
- Qualidade: a empresa se compromete a usar bases de dados confiáveis, com dados corretos, para formação do dossiê de pesquisa;
- Transparência: a empresa deixa claro às pessoas físicas das quais tem dados o que pesquisou, qual a finalidade, tempo de armazenamento das informações e quaisquer fatos relevantes que ocorram;
- Segurança: a empresa deverá se comprometer a impedir o acesso indevido aos dados pessoais que detém, mesmo quando transfere o armazenamento a terceiros e mesmo que os dados originalmente sejam obtidos em bases de dados de acesso público;
- Prevenção: a empresa se compromete a proteger os dados pessoais, tomando todas as cautelas tecnicamente disponíveis para mitigar riscos à segurança das informações;
- Não discriminação: a empresa que faz a pesquisa deve se comprometer a não utilizar os dados pessoais pesquisados como forma de praticar discriminação de qualquer natureza, sendo proibido o uso ilícito ou abusivo dos dados pessoais;
- Responsabilização e prestação de contas: a empresa deve demonstrar que cumpre todos os requisitos técnicos e legais no tratamento de dados pessoais, podendo responder por suas falhas e omissões.
Embora seja lícito consultar informações de pessoas físicas e jurídicas em pesquisas de CPF e consultas de CNPJ nos bancos de dados públicos e privados, é importante se atentar aos limites ao direito de quem faz as consultas. Para saber se é possível fazer as pesquisas, basta verificar se o objetivo da obtenção dos dados se enquadra em alguma das hipóteses previstas pelo artigo 7º da LGPD. Veja a seguir as principais hipóteses de forma mais detalhada!
Consulta de dados cadastrais de pessoas jurídicas
A LGPD protege dados pessoais. Segundo o artigo 5º da LGPD, dado pessoal é aquele que se relaciona a uma pessoa natural (que é a pessoa física) identificada ou identificável. Assim, a LGPD protege dados de pessoas físicas. Nesse sentido, não existe uma restrição específica quando tratamos de consulta de CNPJ.
Sob o ponto de vista da LGPD, então, não há qualquer vedação de pesquisas de antecedentes de pessoas jurídicas. Caso haja, entretanto, dados de pessoas físicas relacionadas à pessoa jurídica pesquisada, é importante saber que a eles se aplicam as regras.
Pesquisa de dados feita por pessoa física, sem objetivo público ou econômico
As diligências feitas por uma pessoa natural para obter dados de terceiros por razões particulares, sem interesse comercial, são liberadas pelo artigo 4º, inciso I da LGPD. Nesse caso, o background check poderá ser feito sem restrições.
Background check para finalidade artística, acadêmica ou jornalística
Assim como as pesquisas de antecedentes feitas por pessoas físicas, a LGPD não restringe o background check que será utilizado com finalidades artísticas, acadêmicas ou jornalísticas. A pesquisa, desde que feita por meios lícitos, é livre.
Pesquisa de antecedentes com consentimento do titular dos dados pessoais
Quando não há liberação legal para pesquisar os antecedentes de alguém, uma das formas de poder fazer o background check é obter o consentimento do titular dos dados pessoais. Importante ressaltar que esse consentimento é específico, ou seja, só haverá liberação para aquilo que constar expressamente no termo de anuência.
Além disso, o titular dos dados pessoais poderá exigir a exclusão dos dados e revogar a permissão quando quiser.
Background check para cumprir obrigação legal ou regulatória
Caso a empresa precise fazer o levantamento de antecedentes por exigência de alguma norma, poderá fazê-lo, mesmo sem o consentimento do titular. Esta é a regra geral aplicável para protocolos de PLD-FT, em contratos de consumo, em que é necessário validar a identidade do comprador para prevenir fraudes, dentre outros.
Background check de titular de contrato
Quando o titular dos dados pessoais for parte de um negócio que será celebrado com a empresa, será permitido fazer o background check, tanto durante as negociações quanto durante a execução do contrato. As pesquisas deverão ter finalidade específica e relacionada à contratação.
Não é necessário o consentimento do titular, pois se trata de hipótese autorizada no inciso V do artigo 7º da LGPD. Importante recordar que, mesmo quando permitida, é importante que a pesquisa de antecedentes respeite a privacidade do titular, se limitando aos dados que se relacionam ao objeto do contrato entre as partes.
Background check para análise de crédito
Mesmo que a análise de crédito já fosse, em tese, autorizada pelo inciso V, ela também foi objeto de autorização expressa pela LGPD. Assim, o background check para análise de crédito é permitido, independentemente do consentimento do titular, conforme previsto no inciso X do artigo 7º da LGPD.
Como fazer o background check?
Para fazer o background check, você precisará passar por 4 etapas:
- Compliance;
- Fontes de informação;
- Dados;
- Análise das informações coletas e decisão.
Veja, a seguir, a respeito de cada um deles:
Primeiro passo: compliance
Antes de qualquer ação, é essencial saber das regulamentações nas quais a empresa está sujeita e quais os tipos de checagem deseja fazer, pois é necessário que suas ações respeitem a legislação.
Isso nada mais é do que compliance, uma série de disciplinas destinadas a garantir o cumprimento das normas legais e regulatórias, políticas e diretrizes estabelecidas para a empresa ou instituição.
O objetivo aqui é evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa surgir durante as atividades do negócio.
Segundo passo: fontes de informação
O próximo passo é identificar as fontes mais adequadas para validar as informações necessárias para cumprir as normas de compliance mencionadas anteriormente.
A pesquisa pode ser realizada por meio da internet ou através de banco de dados de instituições, órgãos reguladores, usando Inteligência Artificial, Machine Learning ou Big Data Analytics.
Terceiro passo: dados
A ideia aqui é definir quais informações a empresa busca, para serem requisitadas ao usuário (cliente, candidato, fornecedor, parceiro etc.). É importante coletar somente as informações imprescindíveis para o processo, e sempre contar com o consentimento da parte envolvida.
Quarto passo: análise das informações coletadas e decisão
Certifique-se de que as informações coletadas são precisas e confiáveis, verificando fontes adicionais, se necessário. Feito isso, analise as informações e tome uma decisão.
Lembre-se sempre de respeitar as leis de privacidade e os direitos das pessoas investigadas.
Quais as situações em que é indicado fazer background check?
O background check é um procedimento útil para iniciar, manter ou encerrar relacionamentos na empresa. Também é um instrumento importante para decisões baseadas em dados. De forma geral, a avaliação da vida pregressa de alguém buscará informações para:
- Confirmar identidade;
- Confirmar autenticidade das informações fornecidas pelo alvo;
- Confirmar histórico;
- Identificar problemas jurídicos, inconsistências documentais e riscos negociais;
- Avaliar a pontuação e risco de crédito, bem como a possibilidade de falência ou recuperação judicial.
Procedimentos de Know Your Customer (KYC, Conheça Seu Cliente)
A realização do background check de clientes, tanto pessoa física quanto jurídica, é uma importante ferramenta para prevenir fraudes, especialmente tentativas de roubo de identidade. Antes de concluir uma negociação, é importante ter certeza de que a parte é realmente quem diz ser.
As fraudes no ambiente digital têm ganhado destaque, diante de um cenário de transformação digital nas empresas. Segundo pesquisa de 2021 do Bureau de Crédito Serasa Experian, mais da metade dos consumidores (55%) valoriza iniciativas para aumento da segurança de dados.
Nesse sentido, é importante incorporar o background check nos processos de KYC visando:
- Confirmar identidade e dados cadastrais;
- Validar autenticidade dos documentos;
- Assegurar que as informações societárias estão atualizadas;
- Verificar se a contratação está dentro dos padrões de consumo da pessoa física ou dentro do objeto social da pessoa jurídica;
- Obter histórico e pontuação de crédito para compras faturadas ou com pagamento parcelado.
Procedimentos de Know Your Supplier (KYS, Conheça Seu Fornecedor)
Quando falamos dos fornecedores, a principal preocupação será com a idoneidade, para reduzir os riscos de descumprimento contratual. Assim, o background check de KYS deve ter como foco:
- Confirmar identidade e dados cadastrais;
- Validar autenticidade dos documentos;
- Assegurar que as informações societárias estão atualizadas;
- Obter informações sobre processos judiciais evidenciam histórico de descumprimento contratual em avenças anteriores;
- Obter histórico e pontuação de crédito para se certificar da saúde financeira e continuidade do negócio do fornecedor;
- Verificar histórico de mercado para conferir cumprimento das normas legais, éticas e técnicas necessárias para o fornecimento de produtos ou serviços;
- Verificar reputação para evitar riscos de associação.
Procedimentos de Know Your Employee (KYE, Conheça Seu Colaborador)
As empresas podem fazer verificações básicas para confirmar dados e histórico de candidatos à vaga de empregos e funcionários, mas é importante tomar cuidado com o que será consultado. Isso porque a Constituição Federal proíbe, em seu artigo 7º, incisos XXX e XXXI, que haja discriminação no processo de recrutamento e seleção.
Assim, a criação dos processos de KYE devem levar em consideração a primazia das práticas antidiscriminatórias e a inclusão. Verificar a veracidade de informações de histórico acadêmico, profissional e dados pessoais é uma boa prática permitida para qualquer situação.
No entanto, só é possível avaliar certos aspectos da vida pregressa do candidato à vaga de emprego, como os antecedentes criminais ou a situação em cadastro de inadimplentes, se tais informações forem relevantes para a função exercida.
O tema nº 1 de Recursos Repetitivos do Tribunal Superior do Trabalho fixou tese no sentido de que a exigência de certidão de antecedentes criminais de forma injustificada com a função caracteriza ato ilícito, cabendo indenização por dano moral. Segundo o TST, só é possível exigir o histórico criminal em funções que incluem alto grau de confiança, como, por exemplo:
- Empregados domésticos;
- Cuidadores de idosos, menores ou pessoas com deficiência;
- Motoristas rodoviários de carga;
- Empregados que trabalham com ferramentas perfurocortantes, armas, produtos tóxicos, substâncias entorpecentes ou perigosas;
- Bancários;
- Pessoas que manipulam informações sigilosas, dentre outros.
Importante ressaltar, ainda assim, que a consulta aos órgãos de proteção ao crédito foi considerada ilícita pelo TST no caso dos motoristas que atuam com transporte de cargas. Ou seja, para o Tribunal, a consulta aos órgãos de proteção ao crédito é mais restrita que o histórico criminal. Isso se deve à tese de que a existência de pendências financeiras, por si só, não é suficiente para ser obstáculo para contratação, mesmo num cargo de alta confiança.
Ainda em relação às práticas de recrutamento e seleção que são proibidas, destacamos o contido na Lei nº 9.029/1995. Segundo ela, é prática criminosa exigir qualquer prova de estado de esterilização ou declaração referente à existência ou ausência da condição de gravidez, bem como interferir na liberdade reprodutiva do trabalhador, por qualquer meio.
Quando o background check for autorizado, ou exigido por lei, é importante obter o atestado de antecedentes, além de pesquisar a existência de processos no Judiciário Estadual e Federal e o Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
Caso faça sentido, também é possível consultar listas restritivas e criminais na esfera internacional, como na Interpol.
Procedimentos de Know Your Partner (KYP, Conheça Seu Parceiro)
Quando falamos de parceiros comerciais ou estratégicos, é importante tomar cuidado com o relacionamento. A ideia do background check em KYP é reduzir os problemas de reputação causados por parceiros inidôneos, bem como reduzir as chances de geração de passivo por descumprimento da lei pelo parceiro. Assim, é importante fazer uma análise dos seguintes aspectos:
- Confirmar identidade e dados cadastrais;
- Validar autenticidade dos documentos;
- Assegurar que as informações societárias estão atualizadas;
- Obter informações cadastrais, listas restritivas e de interesse, como o cadastro de Pessoas Politicamente Expostas (PEP);
- Obter informações sobre processos judiciais sobre dívidas, discutindo contratações e parcerias anteriores, bem como casos que possam gerar a responsabilidade solidária ou subsidiária da empresa parceira;
- Obter histórico e pontuação de crédito para se certificar da saúde financeira e continuidade do negócio do parceiro, reduzindo os riscos de falência ou recuperação judicial inesperados do parceiro;
- Verificar histórico e referências do mercado para conferir cumprimento das normas legais, éticas e técnicas necessárias para o fornecimento de produtos ou serviços;
- Verificar reputação para evitar riscos de associação.
Quais são os tipos de background check?
Existem vários tipos de background check, cada um com seu próprio foco e finalidade. A seguir compartilhamos alguns exemplos:
Background check de contratação
O background check de contratação é um processo que visa verificar as informações fornecidas pelo candidato a uma posição de emprego antes de sua contratação.
Seu objetivo é identificar quaisquer discrepâncias ou inconsistências entre as informações apresentadas e a realidade. Isso inclui, por exemplo, a verificação de antecedentes criminais, histórico educacional, histórico de emprego, referências pessoais e profissionais, entre outros.
A realização do background check de contratação pode ajudar as empresas a tomar decisões mais certeiras na hora de contratar um novo colaborador, aumentando a probabilidade de contratação de um profissional qualificado e com o fit cultural da instituição.
Além disso, a verificação adequada das informações apresentadas pelo candidato pode ajudar a reduzir o risco de futuros problemas legais, financeiros ou de reputação para a empresa.
Background check financeiro
O background check financeiro é uma avaliação que examina o histórico financeiro de uma pessoa ou empresa para checar sua saúde financeira e confiabilidade. Isso envolve a verificação de informações como crédito, dívidas, histórico bancário e de pagamentos.
Esse tipo de análise é frequentemente realizada por instituições financeiras, empresas que concedem crédito, empregadores que buscam contratar profissionais para cargos financeiros, investidores e outras entidades.
É importante realizar a verificação de informações financeiras em conformidade com as leis e regulamentações e com cautela para proteger a privacidade e os direitos das pessoas envolvidas.
Background check de identidade
O background check de identidade é uma investigação que tem como objetivo verificar a identidade de uma pessoa, assegurando que a mesma seja real e confiável. Esse tipo de apuração inclui a análise de documentos pessoais, tais como carteira de identidade, passaporte, carteira de motorista, entre outros, além de checagem de referências pessoais e profissionais.
Background check de redes sociais
Este tipo de consulta visa avaliar o perfil de uma pessoa em suas contas em diferentes plataformas, tais como Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn, entre outras.
Esse tipo de verificação é realizado principalmente por empresas ou empregadores que desejam avaliar o comportamento e conduta dos candidatos.
Durante a verificação das redes sociais, é possível analisar postagens, comentários, fotos, vídeos e outras informações que possam indicar comportamentos inadequados ou desrespeitosos.
Quais as melhores práticas para incluir no background check?
Pensando na estruturação do background check pelo departamento de compliance, destacamos os seguintes pontos de atenção:
- Crie protocolos: desenvolva checklists personalizados para cada situação, para customizar as pesquisas de acordo com as necessidades e limitações do caso;
- Use bases confiáveis: utilize plataformas de compliance que obtém dados de fontes confiáveis, em bancos de dados seguros, públicos e privados, para garantir bons resultados;
- Prefira dossiês: a compilação e integração das informações pode ser feita por meio de ferramentas tecnológicas de automação, como a plataforma upMiner. Assim, os dossiês são criados com agilidade e permitem a atualização periódica das pesquisas.
Qual a diferença entre due diligence e background check?
Due diligence e background check são duas formas de investigação, utilizadas em diferentes contextos.
A due diligence é uma investigação mais abrangente e complexa, que é realizada em empresas, antes de serem realizadas fusões, aquisições ou outras transações empresariais importantes. Ela é feita para identificar possíveis riscos, oportunidades e valor da empresa em questão.
A due diligence pode incluir a análise de documentos financeiros, legais, contratos, histórico da empresa, estrutura organizacional e demais aspectos relevantes.
Já o background check é uma investigação que visa verificar a reputação e histórico de uma pessoa ou entidade, como um candidato a emprego, colaborador, fornecedor ou parceiro de negócios. Ele é mais focado em verificar a identidade, antecedentes criminais, histórico de trabalho e educação, referências, bem como outras informações relevantes para a tomada de decisão.
Enquanto a due diligence é geralmente aplicada em um contexto empresarial, o background check é comumente utilizado em processos seletivos ou para verificar a reputação de pessoas ou empresas em diferentes situações.
Quantos anos para trás deve ser pesquisado no background check?
Uma dúvida recorrente quando se trata de background check é qual é o período necessário para as buscas. Quem usa bases de dados confiáveis terá as informações atualizadas em tempo real, refletindo a situação corrente do alvo da pesquisa. Normalmente, os apontamentos atualizados são suficientes.
Caso se deseje aprofundamento em algum aspecto ou para realizar um estudo mais completo, como ocorre na due diligence, será recomendável seguir os prazos legais. Assim, em estudos avançados, é interessante pensar nos prazos de prescrição e decadência, avaliando documentos e informações dentro desses recortes.
É possível fazer o background check online?
O background check pode ser feito totalmente online utilizando soluções de mineração de dados como o upMiner. Ao realizar uma pesquisa pelo sistema, as informações serão compiladas em relatórios inteligentes, permitindo o confronto e integração de uma grande quantidade de fontes. Assim, a pesquisa de pessoas e empresas é feita de forma mais ágil, sem perder qualidade.
Quanto tempo demora para fazer o background check?
Quando as pesquisas são feitas utilizando uma plataforma de compliance, a maioria dos resultados é instantâneo, especialmente nas análises básicas, como a avaliação de risco de crédito.
Em alguns casos, pode ser necessário solicitar dados complementares ou documentos específicos, como certidões, que têm prazos de alguns dias para ficar prontas.
Como a tecnologia pode otimizar a realização de background check?
Quando falamos de background check, estamos descrevendo um processo de conferência de informações. Para verificar a exatidão e veracidade de informações, o acesso a uma grande quantidade de fontes certificadas é uma boa prática.
Se fôssemos fazer todas as conferências e análises nas possíveis fontes, encomendando relatórios individuais em cada um dos sistemas e fazendo o confronto de forma manual, o background check se tornaria longo. Em muitos casos, seria declarada a inviabilidade técnica das verificações.
No contexto da era da informação, o profissional de compliance precisa saber associar grandes volumes de dados e inteligência artificial. Assim, usar a tecnologia como aliada no background check agiliza o processo e aumenta sua assertividade.
O upMiner é a solução da upLexis especializada para quem atua com gestão de compliance. Por meio da plataforma é possível fazer pesquisas variadas, que atendem às demandas mais simples de background check até questões mais complexas, como as análises de due diligence.
O sistema permite a parametrização das buscas para criar dossiês personalizados. Além disso, o profissional encontrará outras comodidades, como a possibilidade de visualizar informações de histórico societário em linha do tempo e o upLink, que aponta os relacionamentos entre pessoas e empresas de forma simples e intuitiva.
Concluindo
O background check é um procedimento muito importante para aumentar a segurança nos relacionamentos empresariais. Caberá ao departamento de compliance definir os perfis, extensão das buscas e periodicidade das pesquisas, de acordo com as particularidades da empresa.
O background check deve ser incorporado em toda situação em que o conhecimento do histórico da outra parte seja interessante para mitigar riscos. De forma geral, os processos de Know Your Customer, Know Your Supplier, Know Your Employee e Know Your Partner se beneficiarão de diretrizes bem definidas para a realização do background check nas diversas fases dos ciclos de vida de clientes, fornecedores, empregados e parceiros comerciais.
Quem deseja mais facilidade para a rotina de background check deve conferir as possibilidades de sistemas inteligentes como o upMiner, que agrega uma grande quantidade de fontes confiáveis em dossiês exclusivos. Assim é possível otimizar o fluxo de trabalho de compliance, sem renunciar à qualidade e quantidade de bancos de dados consultados.
Bianca Nascimento Lara Campos é bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Filosofia e Teoria do Direito na PUC-Minas. Advogada atuante em São Paulo, com foco em Direito Civil, Empresarial e Compliance, bem como atuação nos tribunais estaduais e superiores. Presta serviços diretamente para escritórios de advocacia e empresas nas áreas de especialidade, tanto como advogada quanto como produtora e estrategista de conteúdo jurídico. É colunista em portais jurídicos, dentre eles, o blog da upLexis.