Como fazer a avaliação de fornecedores com foco em ESG?
Atualizado em 1 de agosto de 25 | Geral por
No contexto do ESG, a avaliação de fornecedores significa garantir que esses parceiros integrem práticas ambientais, sociais e de governança em suas operações diárias, alinhando-se aos valores dos clientes e ao mercado, que exige cada vez mais responsabilidade e sustentabilidade em toda a cadeia de suprimentos.
Guia rápido de leitura💡| Aqui, você vai encontrar:
- O que é ESG para fornecedores?
- Qual a responsabilidade da empresa em relação aos seus fornecedores na agenda ESG?
- Quais riscos as empresas correm na ausência de uma boa gestão e avaliação de fornecedores?
- Quais os critérios de avaliação de fornecedores com foco em ESG?
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Para realizar a avaliação de fornecedores com foco em ESG, é preciso fazer a escolha consciente de entender com quem sua empresa está se conectando, se carrega valores compatíveis, se sustenta práticas que fortalecem a cadeia como um todo, se possui uma área de compliance robusta, dentre outros aspectos.
Em outras palavras, o olhar com foco no ESG começa com critérios pré-estabelecidos: atuação ambiental responsável, relações de trabalho justas, estrutura de governança que funcione de verdade. A análise se constrói com dados, histórico, postura diante de situações complexas e disposição para agir com transparência.
Em 2024, 71% das empresas brasileiras implementaram práticas de ESG, marcando um aumento importante em relação aos 47% registrados em 2023. O crescimento reflete a crescente conscientização sobre a importância de integrar critérios ambientais, sociais e de governança nas operações empresariais, conforme divulgado pelo portal da CNN.
Desse modo, os fornecedores alinhados com ESG mantêm processos sólidos, entregam com consistência e contribuem para uma rede mais estável. Quando a escolha leva tudo isso em conta, a parceria se torna mais estratégica, mais segura e mais coerente com os objetivos da empresa.
De acordo com a KPMG, 93% das empresas brasileiras publicaram relatórios de sustentabilidade, marcando um avanço de 7 pontos percentuais em relação ao ano anterior, quando o índice era de 86%.
Pontos-chave da avaliação de fornecedores
É fundamental definir indicadores objetivos que envolvam, por exemplo, o cumprimento de legislações ambientais, políticas de diversidade e inclusão e condições de trabalho dignas, além de mecanismos de integridade e transparência.
A análise deve conter, ainda, a verificação documental, tais como licenças ambientais, certificados de conformidade social e códigos de ética, além da consulta a bases públicas e registros de passivos judiciais ou administrativos.
Além disso, é essencial avaliar a consistência das informações fornecidas e o comportamento histórico da empresa no mercado. Este processo possibilita identificar fornecedores que contribuem para a sustentabilidade e reputação da organização, mitigando riscos operacionais, financeiros e reputacionais.
O que é ESG para fornecedores?
O conceito do ESG aplicado à análise de fornecedores representa o compromisso dessas empresas com práticas responsáveis que abrangem três pilares fundamentais: ambiental, social e governança.
O aspecto ambiental envolve a gestão adequada dos recursos naturais, a redução de impactos como emissão de poluentes e o cumprimento da legislação ambiental. No âmbito social, diz respeito aos direitos dos trabalhadores, à promoção da diversidade e da inclusão e a condições de trabalho dignas. Por fim, a governança abrange questões de transparência, ética, conformidade regulatória e mecanismos eficazes de controle interno.
Nesse sentido, para os fornecedores, incorporar o ESG significa integrar essas práticas em suas operações diárias, alinhando-se aos valores dos clientes e ao mercado, que exige cada vez mais responsabilidade e sustentabilidade em toda a cadeia de suprimentos. Dessa forma, fornecedores que adotam ESG fortalecem sua competitividade, minimizam riscos e constroem relações comerciais baseadas em confiança e integridade.
Leia também 👉 ESG na cadeia de suprimentos: monitoramento para mitigar riscos ambientais
Qual a responsabilidade da empresa em relação aos seus fornecedores na agenda ESG?
A responsabilidade da empresa em relação aos seus fornecedores na agenda ESG encontra respaldo em dispositivos legais que impõem deveres de diligência, transparência e integridade na cadeia de suprimentos.
No aspecto ambiental, a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) determina o princípio da prevenção e da responsabilidade por danos ambientais (art. 3º e 14), estabelecendo que a empresa responde pelos impactos ambientais causados por suas atividades e por terceiros a ela vinculados, incluindo fornecedores. Além disso, o Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998) reforçam a obrigação de observar práticas sustentáveis e evitar danos causados por parceiros comerciais.
No âmbito social, a responsabilidade da empresa está diretamente relacionada ao cumprimento das normas trabalhistas e à prevenção de práticas abusivas. Complementarmente, a Convenção 29 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Lei nº 13.344/2016 (que fortalece o combate ao trabalho escravo) ampliam o compromisso das empresas em zelar para que os fornecedores não adotem práticas ilegais ou antiéticas no trabalho.
Na esfera da governança, a Lei nº 12.846/2013 (Lei Anticorrupção Empresarial) atribui responsabilidade objetiva às empresas por atos lesivos praticados em seu interesse, inclusive por seus fornecedores. A implementação de programas de compliance eficazes, como previsto no Decreto nº 8.420/2015, deve conter a avaliação e o monitoramento da cadeia de fornecedores, assegurando a adoção de princípios éticos, prevenção à corrupção e mecanismos de controle.
Adicionalmente, a Norma ISO 20400, que trata de compras sustentáveis, oferece um referencial técnico para a integração dos princípios ESG nas práticas de aquisição e relacionamento com fornecedores.
Portanto, a empresa deve implementar processos robustos de due diligence, avaliação periódica e auditorias que abranjam os aspectos ambientais, sociais e de governança de seus fornecedores. A negligência nessa gestão pode acarretar responsabilização civil, administrativa e penal, além de exposição a riscos reputacionais.
Quais riscos as empresas correm na ausência de uma boa gestão e avaliação de fornecedores?
A ausência de uma gestão eficaz de fornecedores compromete o controle operacional e impacta diretamente a cadeia de valor da empresa. Contar com fornecedores com desempenho inconsistente influencia negativamente prazos de entrega, qualidade dos produtos e continuidade dos processos produtivos.
No âmbito comercial, a fragilidade na gestão da cadeia de suprimentos deteriora as relações contratuais, gera insegurança nas negociações e afeta a confiança de clientes e parceiros. A reputação institucional sofre impactos consideráveis quando fornecedores apresentam falhas, uma vez que os reflexos dessas inadequações são atribuídos à contratante.
Adicionalmente, a falta de monitoramento adequado reduz a previsibilidade operacional, aumentando a ocorrência de retrabalho e dificultando a tomada de decisões assertivas. O efeito cascata dessas deficiências compromete resultados financeiros, logísticos e a imagem corporativa, evidenciando que uma gestão robusta de fornecedores é fundamental para a sustentabilidade do negócio.
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Quais os critérios de avaliação de fornecedores com foco em ESG?
Avaliar fornecedores com foco em ESG exige critérios claros que permitam identificar práticas concretas e responsáveis em todas as dimensões ambiental, social e de governança. Abaixo, listamos os principais critérios para essa avaliação:
- Conformidade ambiental e licenças;
- Gestão de resíduos e emissões;
- Uso eficiente de recursos naturais;
- Condições de trabalho e segurança;
- Respeito aos direitos humanos e proibição de trabalho escravo;
- Políticas de diversidade e inclusão;
- Código de ética e políticas anticorrupção;
- Transparência e governança corporativa;
- Mecanismos de denúncia e combate a fraudes;
- Gestão de riscos ESG e planos de contingência;
- Monitoramento e auditoria contínua da cadeia de suprimentos;
- Metas claras e relatórios de desempenho ESG;
- Investimento em inovação sustentável;
- Capacitação e treinamento dos colaboradores;
- Relacionamento e impacto social na comunidade.
Os critérios elencados acima não são exaustivos, mas permitem uma avaliação aprofundada, alinhada às demandas crescentes de responsabilidade e sustentabilidade nas relações comerciais.
Passo a passo para avaliação de fornecedores com foco em ESG
A essa altura, vale a pena destacar que a grande maioria das empresas encara a sustentabilidade como pilar estratégico, e não um “fardo burocrático”. Uma pesquisa da Morgan Stanley mostrou que 88% das empresas enxergam o fator sustentável como uma oportunidade de criação de valor.
Confira o passo a passo prático para a avaliação de fornecedores com foco em ESG:
1. Defina os critérios ESG
Estabeleça indicadores claros para os aspectos ambientais, sociais e de governança que são relevantes para o seu setor e negócio.
2. Solicite documentação comprobatória
Peça licenças ambientais, relatórios de sustentabilidade, políticas internas, certificações e dados sobre condições de trabalho.
3. Faça a análise documental
Revise os documentos para verificar conformidade legal e aderência às melhores práticas ESG.
4. Realize visitas técnicas
Quando possível, visite as instalações para avaliar os processos in loco, assim como o ambiente de trabalho e as práticas ambientais.
5. Avalie histórico
Pesquise passivos legais, multas, processos judiciais e reclamações relacionadas ao fornecedor.
6. Classifique os fornecedores
Com base nos dados coletados, atribua notas que reflitam o desempenho ESG de cada fornecedor.
7. Incorpore os resultados nas decisões de compra
Dê preferência a fornecedores com melhor avaliação ESG, alinhando sustentabilidade à estratégia de compras.
8. Monitore
Estabeleça ciclos periódicos de revisão para acompanhar a evolução, identificar gaps e promover melhorias.
Conclusão
A incorporação do ESG na avaliação de fornecedores reforça o alinhamento entre desempenho sustentável e resultados empresariais, elevando a qualidade das parcerias e consolidando uma cadeia capaz de responder aos desafios atuais com eficiência e responsabilidade.
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Gabriela B. Maluf é Founder & CEO da Thebesttype, empreendedora, escritora, advogada com 18 anos de experiência, especialista em Compliance Trabalhista, Relações Trabalhistas, Sindicais e Governamentais, Direito Público e Previdenciário, palestrante com mais de 200 eventos realizados e produtora de conteúdo técnico otimizado em SEO para sites e blogs.
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