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ESG: entenda quais são os principais desafios para integrar à empresa

Atualizado em 28 de março de 23 | Geral  por

Bianca Nascimento Lara Campos

ESG é a sigla adotada pelo mercado para falar da governança socioambiental corporativa, do inglês Environment, Social and Governance. Um levantamento feito pela consultoria Grant Thornton com 255 empresas de médio porte brasileiras apontou que 95% dos entrevistados indicam que a agenda ESG é prioridade em suas operações.

Mesmo com a consciência de que a adoção de boas práticas de responsabilidade socioambiental é prioridade, a maioria dos gestores ainda têm dificuldade de integrar as mudanças à rotina. Também é comum ouvir relatos de quem não sabe como envolver os stakeholders no processo, ou encontra dificuldades nos processos de controle da cadeia produtiva. 

Tendo esse contexto em mente, separamos os principais desafios para integrar a agenda ESG nas empresas, com possíveis soluções para cada cenário. Acompanhe na íntegra para saber mais!

Significado de ESG

A sigla reúne em uma mesma área os elementos de responsabilidade corporativa nas áreas ambiental, social e de governança. A boa conduta de uma empresa não se resume apenas às suas ações diretas, mas também pelos impactos causados por outros entes da cadeia em que estão inseridas.

Para entender melhor o que compõe o conceito de ESG, especificamos melhor a seguir cada um de seus elementos.

E de Environment (Meio Ambiente)

As questões ambientais de uma empresa podem ser observadas e controladas de acordo com seu ramo de atividade. Dependendo de qual o setor, pode ser necessário uma ênfase maior nesta temática. Os principais pontos de atenção que podem ser considerados no fator ambiental, tanto internamente quanto em monitoria de terceiros, são:

  • Otimização energética e adoção de fontes renováveis;
  • Gestão de resíduos e recursos hídricos;
  • Controle de emissões de gases;
  • Participação em atividades que gerem potencial desmatamento;
  • Ações relativas à mitigação das mudanças climáticas;
  • Adesão às obrigações ambientais prescritas pelos órgãos de controle regulatório.

S de Social

No quesito social estão as questões como inclusão, direitos humanos e diversidade. Importante ressaltar, aqui, que a observância de boas práticas inclui pessoas próximas e as relacionadas. Assim, além de funcionários, a empresa deve seguir as diretrizes em relação a prestadores de serviços, terceirizados, população local, consumidores, dentre outros. 

G de Governance (Governança Corporativa)

A governança corporativa é essencial na mitigação de riscos e implementação das boas práticas de compliance. A qualidade da governança é determinante para a tomada de decisões responsáveis, prevenção de conflito de interesses e garantia de transparência.

Principais desafios na integração da agenda ESG nas empresas

A integração da agenda ESG não é uma tarefa fácil. Existem diversos desafios que as empresas precisam enfrentar para integrar ESG à rotina. Veja a seguir as principais dificuldades dos profissionais de compliance e ESG.

Não contar com o envolvimento da alta direção

A liderança é fundamental para garantir que a agenda ESG seja incorporada na estratégia da empresa e seja devidamente implementada em todas as áreas da organização. Sem o comprometimento da alta direção, a implementação dessa agenda pode ser vista como uma tarefa secundária e não receber a devida atenção e recursos.

Para solucionar essa dificuldade, é importante que se compreenda a importância da implementação do ESG e seu impacto nos negócios a longo prazo. Uma abordagem eficaz pode ser fornecer educação e treinamento aos líderes sobre o tema, os benefícios para o negócio e o impacto positivo que a questão pode ter na sociedade e no meio ambiente.

Além disso, a alta direção deve ser envolvida no processo de definição de objetivos, estratégias e planos de ação para a implementação da agenda ESG. Cabe a ela liderar o desenvolvimento de políticas, programas e processos para garantir a implementação efetiva em toda a organização. 

Outra forma de garantir esse envolvimento com as mudanças pode ser a criação de incentivos e recompensas para os líderes que apoiam e promovem a implementação da agenda ESG. A inclusão de métricas e metas ESG no plano de remuneração dos executivos e a avaliação do desempenho em relação a essas métricas podem ajudar a garantir que a alta direção esteja engajada e motivada para liderar a mudança.

Dificuldades nos controles da cadeia

Muitas das questões ambientais e sociais estão concentradas em terceiros, mas podem ter sérios impactos nas pontuações da empresa em indicadores ESG. Controlar toda a cadeia pode ser uma tarefa difícil, especialmente para cadeias extensas e complexas. 

Uma boa forma de agilizar o controle de terceiros é adotar soluções tecnológicas para rastrear e monitorar sua cadeia produtiva, permitindo uma visão mais clara e detalhada das práticas e operações de seus fornecedores. É importante investir numa abordagem que solucione problemas e cause mudanças culturais para só depois pensar em rescisão contratual.

As empresas podem trabalhar em conjunto com seus fornecedores para identificar e resolver questões em matéria de ESG. Isso pode envolver a realização de avaliações e auditorias de fornecedores para garantir que eles estejam em conformidade com os valores ESG. Além disso, é possível fornecer treinamento e recursos para os fornecedores para ajudá-los a implementar boas práticas de ESG em suas próprias operações.

Falta de métricas e indicadores

As métricas e indicadores são importantes para avaliar o desempenho em relação à agenda ESG. Sem elas, é difícil avaliar o progresso e o impacto das iniciativas ESG. Além disso, a falta de indicadores pode dificultar a comunicação com os stakeholders, que estão cada vez mais exigentes em relação à transparência e responsabilidade das empresas. 

Para solucionar essa dificuldade, é importante determinar métricas e indicadores relevantes para a sua realidade, considerando seus objetivos, desafios e áreas de atuação. Essas métricas e indicadores devem ser desenvolvidos com base em um entendimento claro dos impactos econômicos, sociais e ambientais da operação.

Uma boa forma de encontrar as métricas que são relevantes para o seu caso é adotar um ou mais dos frameworks ESG, que serão mais bem discutidos no item seguinte.

Não saber como estruturar os dados

Um dos principais desafios dos profissionais da área jurídica é colocar o conhecimento em prática, de forma clara e concisa, para que os saberes possam ser compartilhados e se tornem úteis na empresa. Com os relatórios ESG, isso não é diferente.

A experiência mostra que recorrer a modelos e soluções prontas nem sempre é uma boa ideia. Quem nunca recebeu um modelo de contrato que não servia para o caso? Ou uma sugestão de redação que, na prática, não resolve as questões do caso concreto? Sabemos que os modelos parecem uma boa solução para quem não sabe por onde começar, mas é importante ter cuidado e nunca deixar de fazer o raciocínio para cada caso, do começo ao fim.

Uma forma de tornar os dados dos relatórios ESG mais palatáveis, padronizados e comparáveis, é adotar formatos já consagrados no mercado, também conhecidos como frameworks. Ao escolher um framework, você conseguirá informar ao destinatário da informação qual é a “linguagem” que você escolheu, mas sem deixar de fazer as análises que cabem ao profissional de compliance.

Não existe um padrão obrigatório nem uma linguagem universal. Ainda assim, é importante conhecer as formas mais comuns e adaptá-las ao seu contexto. Os frameworks mais usados, segundo o levantamento de relatórios de sustentabilidade feito pela KPMG em 2020 são os seguintes:

Global Reporting Initiative (GRI)

Usado por 72% das empresas brasileiras ouvidas pela KPMG, as normas da GRI se tornaram populares por sua clareza e por ter sido o primeiro framework do mercado. As normas padronizadas pela GRI estão disponíveis em português, abordando diversos temas e segmentos de atuação, com métricas específicas para cada tópico.

Sustainability Accounting Standards Board (SASB)

O framework de ESG SASB foi elaborado para abordar as peculiaridades inerentes à atividade econômica em 77 segmentos. As métricas são criadas levando em consideração os feedbacks recebidos de empresas, investidores e demais interessados. A ideia é que as empresas foquem nas métricas que são impactantes em sua área de atuação.

Integrated reporting (IR)

Desenvolvido pelo IIRC (International Integrated Reporting Council), este framework se apoia em princípios. Assim, as empresas são orientadas a trabalhar a elaboração de um relatório integrado, para que as comunicações sejam capazes de demonstrar como as iniciativas em ESG criam, preservam ou reduzem o valor dos ativos tangíveis e intangíveis da empresa.

Task Force on Climate-Related Financial Disclosures (TCFD)

Os relatórios baseados em TCFD são obrigatórios para as empresas que aderiram aos Princípios para o Investimento Responsável (PRI) da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse relatório dá forma a um dos princípios do PRI, que prevê a integração dos temas ESG aos relatórios financeiros das organizações.

Conclusão

A implementação da agenda ESG é um desafio complexo, que requer ação coordenada de toda a organização. A liderança deve estar comprometida e envolvida em todo o processo, com o estabelecimento de métricas e indicadores claros para avaliar o desempenho em relação à agenda ESG. Além disso, as empresas precisam ter um sistema robusto de controle da cadeia de suprimentos para garantir que seus fornecedores estejam alinhados com seus valores. Para incorporar as boas práticas de ESG é fundamental adotar uma abordagem estratégica e integrada que envolva todas as partes interessadas.

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Bianca Nascimento Lara Campos é bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Filosofia e Teoria do Direito na PUC-Minas. Advogada atuante em São Paulo, com foco em Direito Civil, Empresarial e Compliance, bem como atuação nos tribunais estaduais e superiores. Presta serviços diretamente para escritórios de advocacia e empresas nas áreas de especialidade, tanto como advogada quanto como produtora e estrategista de conteúdo jurídico. É colunista em portais jurídicos, dentre eles, o blog da upLexis.