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Shadow banking: definição, exemplos e como funciona

Atualizado em 1 de agosto de 24 | Geral  por

Gabriela de Britto Maluf

A modernização e a integração dos mercados financeiros globais, impulsionadas pela transformação digital, não eliminaram os riscos associados a esse ambiente, sendo o shadow banking um dos principais desafios. Embora a conexão e a alavancagem do mercado sejam essenciais, é preciso reconhecer que os riscos transcendem as fronteiras nacionais, e o funcionamento deste sistema paralelo, conhecido como shadow banking, é um dos mais preocupantes em nível global.

Por ser uma estrutura que opera fora das estruturas estabelecidas e altamente regulamentadas, os riscos associados são elevados, pois carece de supervisão e garantias. Especialistas alertam que a existência do shadow banking representa um perigo para a estabilidade do sistema financeiro global.

Um caso recente que ilustra o impacto negativo desse fenômeno ocorreu recentemente na Europa, onde o colapso de um grande grupo de investimentos levantou preocupações sobre a exposição ao shadow banking. A empresa, que oferecia financiamento baseado em recebíveis, declarou falência em março de 2021, resultando em perdas elevadas para investidores e destacando a vulnerabilidade do sistema financeiro em relação a práticas de crédito não regulamentadas.

Neste artigo, abordaremos o conceito e os riscos do shadow banking. Continue lendo para se aprofundar no tema!

O que é shadow banking?

O shadow banking, é o nome dado ao sistema financeiro paralelo ao tradicional, envolvendo a intermediação de crédito realizada por entidades e atividades fora do alcance das regulamentações bancárias convencionais.

Entre essas entidades estão fundos de Hedge, empresas de Private Equity, veículos de propósito específico (SPVs), fundos do mercado monetário, dentre outros. Embora não sejam bancos tradicionais, essas instituições oferecem serviços financeiros similares, como empréstimos e investimentos, sem, contudo, oferecerem garantias para rastrear essas operações, tornando o seu risco muito mais elevado.

Como funciona o shadow banking? 

O shadow banking opera como um sistema financeiro paralelo ao tradicional, facilitando a intermediação de crédito por meio de entidades e atividades que não estão sujeitas às mesmas regulamentações rigorosas que os bancos. Essas instituições oferecem serviços financeiros similares, como empréstimos e investimentos, mas sem as garantias e supervisão típicas do sistema bancário.

Logo, a ausência de regulação pode resultar em maior inovação e acesso ao crédito, mas também eleva os riscos de liquidez e sistêmicos, uma vez que problemas nesse setor podem rapidamente afetar a estabilidade do mercado financeiro global de forma ampla e causar um efeito em cascata como o que ocorreu nos EUA na crise financeira de 2007-2008.

Durante esse período, o sistema de shadow banking foi o principal causador da crise financeira. A securitização de hipotecas de alto risco, muitas vezes empacotadas e vendidas como títulos, criou uma bolha especulativa no mercado imobiliário. Com a explosão dessa bolha, muitos mutuários começaram a inadimplir, levando a perdas para investidores que não estavam plenamente conscientes dos riscos envolvidos.

As entidades de shadow banking, como fundos de investimento e empresas de financiamento, que estavam profundamente interconectadas com o sistema bancário tradicional, enfrentaram dificuldades, resultando em uma crise de liquidez.

Essa situação culminou em falências de grandes instituições financeiras, como o Lehman Brothers, e em um colapso generalizado do mercado de crédito, afetando a economia global. O evento evidenciou a vulnerabilidade do sistema financeiro a práticas não regulamentadas e impulsionou uma revisão das políticas regulatórias, com o objetivo de aumentar a supervisão sobre as atividades de shadow banking e mitigar os riscos a ela associados.

Quais são os riscos do shadow banking?

O shadow banking é amplamente utilizado como uma forma de ampliar o acesso às fontes de financiamento de forma a atender determinados segmentos que não são atendidos pelos bancos tradicionais. Contudo, os riscos são consideráveis, tais como:

Risco de liquidez

Instituições do shadow banking frequentemente enfrentam dificuldades em atender a solicitações de resgate durante crises.

Risco sistêmico

Devido à sua interconexão com o sistema financeiro tradicional, problemas no shadow banking podem rapidamente se espalhar, afetando todo o mercado.

Falta de transparência e regulação

A ausência de regulamentação rigorosa pode levar a práticas arriscadas e à falta de informações claras sobre a real exposição ao risco.

Vale ressaltar que o shadow banking ganhou visibilidade durante a crise financeira de 2007-2008, quando suas atividades de crédito e alavancagem não regulamentadas contribuíram para a instabilidade financeira global. Desde então, os reguladores têm buscado monitorar e mitigar os riscos desse setor, tentando equilibrar a inovação financeira com a estabilidade do sistema.

Quem supervisiona o shadow banking no Brasil?

No Brasil, o shadow banking não possui uma regulação oficial específica por parte das autoridades e dos órgãos reguladores brasileiros como a do sistema financeiro tradicional. Em vez disso, as atividades relacionadas são constantemente monitoradas por diferentes órgãos, conforme a natureza das operações que realizam.

Banco Central do Brasil (BCB)

Responsável pela regulamentação e supervisão do sistema financeiro, incluindo algumas atividades do shadow banking que envolvem instituições regulamentadas pelo BCB, como fundos de investimento.

Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

Regula o mercado de valores mobiliários, abrangendo práticas de shadow banking que envolvem securitização e emissão de títulos.

Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)

Supervisiona o mercado de seguros e resseguros, regulando operações de shadow banking no setor.

Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA)

Embora não seja propriamente considerado órgão regulador oficial, ela estabelece as diretrizes que influenciam práticas de shadow banking ligadas a fundos de investimento.

Assim, não há uma regulamentação única e específica para o shadow banking no Brasil, pois as atividades são supervisionadas por diferentes órgãos, de acordo com sua natureza.

Exemplos de shadow banking no Brasil

No Brasil, o shadow banking se manifesta em várias formas. Alguns fundos que operam fora do escopo das regulamentações bancárias tradicionais, como fundos de crédito privado e fundos de renda fixa, atuam no financiamento de setores que podem não ser atendidos por bancos.

Além disso, algumas instituições que oferecem crédito diretamente aos consumidores e outras que se dedicam à securitização de recebíveis, como a venda de direitos creditórios, permitem que ativos sejam transformados em títulos negociáveis, com menos supervisão do que a exigida para bancos.

Por fim, os fundos de mercado monetário oferecem rendimentos que, em geral, são mais atraentes do que contas de poupança tradicionais, permitindo que investidores tenham acesso a liquidez e rentabilidade. Esses exemplos ilustram como o shadow banking no Brasil opera em áreas que frequentemente não têm a mesma supervisão regulatória que o sistema bancário convencional, aumentando tanto o acesso ao crédito quanto os riscos associados.

Um exemplo prático de shadow banking no Brasil são as securitizadoras, ou seja, empresas que emitem certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), permitindo que investidores acessem o mercado de crédito imobiliário sem passar por bancos.

Conclusão

O shadow banking representa um sistema financeiro paralelo e menos regulado, composto por diversas entidades e práticas que possuem estrutura e funções semelhantes às instituições bancárias tradicionais, mas fora do escopo regulatório habitual. A crise de 2007-2008 nos EUA (bolha imobiliária) evidenciou os riscos associados ao shadow banking, demonstrando sua capacidade de agravar crises e impactar a estabilidade financeira global.

No Brasil, as atividades do shadow banking são supervisionadas por várias entidades reguladoras, como o Banco Central, a CVM, a SUSEP e a ANBIMA, cada uma com responsabilidades específicas, visando mitigar riscos e proteger a integridade do sistema financeiro, adaptando-se às mudanças do mercado e às inovações financeiras.

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Gabriela B. Maluf é Founder & CEO da Thebesttype, empreendedora, escritora, advogada com 18 anos de experiência, especialista em Compliance Trabalhista, Relações Trabalhistas, Sindicais e Governamentais, Direito Público e Previdenciário, palestrante com mais de 200 eventos realizados e produtora de conteúdo técnico otimizado em SEO para sites e blogs.