IA no compliance: benefícios e cuidados
Atualizado em 6 de julho de 23 | Geral por
A utilização da inteligência artificial em larga escala no modelo conversacional é um fato que está presente no ano de 2023, mas qual a relação desse tema com o compliance?
Este modelo de IA implicou em uma mudança significativa nos processos de trabalho, e há uma percepção no sentido de que a popularização dos modelos de inteligência artificial conversacionais fez com que muitas pessoas tivessem prejuízos profissionais. Isso porque a velocidade com que essa tecnologia realiza tarefas permitiu que diversas etapas nos processos de trabalho fossem realizadas com mais facilidade, e com isso, permitiu também que equipes fossem reduzidas.
No entanto, a questão da ética no uso da IA vai muito além das perdas de empregos e passa por questões como respeito aos direitos autorais, proteção de dados pessoais, inserção de informações empresariais sigilosas nas plataformas com esse sistema e desvios de finalidade que podem causar prejuízos sociais.
Se por um lado é interessante contar com o “bônus” de uma tecnologia inovadora, que automatiza tarefas, permite ganho de tempo e escalabilidade dos negócios, por outro é preciso estar atento ao “ônus” que ela pode proporcionar e quais serão os impactos negativos do seu uso.
Neste artigo, iremos abordar justamente quais são os cuidados e benefícios no uso da inteligência artificial e qual o papel do compliance neste cenário. Acompanhe e fique por dentro deste tema!
Qual a diferença entre a IA conversacional e dos demais modelos?
A IA conversacional é um tipo específico de modelo de IA projetado para interagir e manter diálogos com seres humanos de maneira natural e compreensível. Diferentemente de outros modelos, como os utilizados para classificação de imagens, tradução de texto ou análise de dados, a IA conversacional tem o objetivo de entender a linguagem humana e responder de maneira coerente e inteligível.
A principal diferença entre eles está no tipo de tarefa que executam. Enquanto os modelos de IA tradicionais se concentram em resolver problemas específicos dentro de um domínio restrito, a conversacional busca a compreensão e a geração de linguagem natural em uma ampla variedade de temas, situações, contextos e interpretações.
Esse tipo de inteligência geralmente é desenvolvida usando técnicas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) e Aprendizado de Máquina. Essas técnicas permitem que o modelo analise e interprete a linguagem humana, reconheça padrões, aprenda com exemplos e gere respostas relevantes.
Contrariamente aos modelos de IA que são treinados para uma tarefa específica, como classificação de imagens ou detecção de fraudes, a IA conversacional requer um treinamento mais amplo e diversificado. Isso ocorre porque ela precisa lidar com uma variedade de perguntas, respostas e contextos diferentes, além de entender nuances linguísticas e contextuais.
Esse sistema é amplamente utilizado em assistentes virtuais, chatbots, sistemas de suporte ao cliente e outras aplicações que envolvem interação direta com usuários por meio de linguagem natural. Seu objetivo é simular uma conversa humana, compreendendo as intenções do usuário, respondendo de forma relevante e fornecendo uma experiência de interação fluida e eficaz.
Qual o impacto da IA nas empresas?
Neste conteúdo, vamos analisar tanto os aspectos positivos quanto negativos dessa tecnologia.
Impactos negativos
Em relação aos impactos negativos, o uso ético da inteligência artificial representa uma preocupação crescente em diversos setores da sociedade. Embora a IA possa trazer muitos benefícios, também apresenta desafios éticos e cuidados que precisam ser considerados. Os algoritmos podem ser tendenciosos, refletindo preconceitos e discriminações existentes na sociedade. Isso pode levar a decisões injustas ou discriminatórias em áreas como contratação, empréstimos, justiça criminal e outros.
Além disso, a inteligência artificial lida com grandes quantidades de dados pessoais, o que levanta preocupações sobre a privacidade e a segurança dessas informações. É essencial garantir que os dados sejam coletados, armazenados e utilizados de maneira ética e em conformidade com as leis e regulamentações aplicáveis.
Outro ponto relevante é que à medida que esse sistema se torna mais avançado, surgem questões sobre a autonomia e responsabilidade das máquinas, como por exemplo a definição sobre de quem será a responsabilidade quando um sistema de inteligência artificial tomar uma decisão prejudicial ou cometer um erro, ou ainda como garantir a prestação de contas e a transparência em conjuntos complexos.
Outra preocupação é que a automação impulsionada pela IA pode acarretar a substituição de empregos humanos, criando desafios sociais e éticos relacionados ao desemprego, desigualdade econômica e necessidade de requalificação profissional. O desvio de finalidade, a manipulação e a promoção de desinformação também são preocupações, uma vez que a tecnologia pode ser usada para criar e disseminar desinformação, além de manipular opiniões e comportamentos. Isso levanta questões sobre a ética na criação de conteúdo falso, no uso de algoritmos de recomendação que promovem manipulação de informações de maneira geral.
Diante desses desafios éticos, é necessário um debate amplo e contínuo envolvendo especialistas no tema, legisladores, empresas e a sociedade como um todo. É importante estabelecer diretrizes e regulamentações éticas para orientar o desenvolvimento e o uso responsável da IA garantindo que seus benefícios sejam maximizados e que os riscos sejam minimizados.
Impactos positivos
Em contrapartida, é perceptível que o uso de inteligência artificial permite a automação de tarefas repetitivas liberando os seres humanos para se concentrarem em tarefas mais complexas e de maior valor agregado. Essa é uma forma de aumentar a eficiência e produtividade em diversos setores, como atendimento ao cliente, suporte técnico, triagem de solicitações, dentre outros.
Os sistemas de IA podem operar 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem a necessidade de pausas ou descanso, permitindo que os usuários obtenham assistência ou informações a qualquer momento, o que melhora a experiência do cliente. Eles permitem ainda que as empresas mantenham uma interação consistente e de qualidade com um grande número de usuários simultaneamente. Essa tecnologia suporta uma quantidade considerável de consultas e solicitações sem comprometer a qualidade das respostas, garantindo uma boa experiência para os usuários.
Por fim, a inteligência artificial proporciona acesso rápido e fácil a informações e conhecimentos de diversos domínios. Os usuários podem fazer perguntas e obter respostas relevantes e precisas em tempo real, facilitando a obtenção de dados necessários.
Qual o papel do compliance no uso da IA?
O compliance tem como objetivo justamente monitorar riscos e os impactos negativos da utilização desta tecnologia dentro das organizações. Desta forma, o Compliance Officer ou a equipe de compliance, tem a responsabilidade de assegurar o uso correto da IA nos processos internos e políticas da empresa.
Isso envolve compreender as implicações éticas e legais do seu uso, desenvolver políticas e diretrizes específicas, implementar mecanismos de governança adequados e garantir a conformidade com as regulamentações aplicáveis. Além disso, é necessário promover treinamentos e conscientização sobre o tema e uma monitoria contínua.
Como a inteligência artificial pode contribuir com os processos de compliance?
O uso de sistemas com essa tecnologia é tão abrangente que mesmo os processos internos de compliance podem ser beneficiados. Vale ressaltar que existe uma dupla função do compliance no que se refere ao uso da IA dentro da organização.
A primeira delas, conforme tratado anteriormente neste artigo, é o de monitorar o uso ético da IA e mitigar os riscos, zelando para que os colaboradores adotem os cuidados necessários em seu uso, como a não inserção de dados empresariais em sistemas conversacionais, por exemplo. Já a segunda função, objeto deste tópico, é justamente promover a melhoria dos processos internos da empresa por meio do uso correto e ético das ferramentas de IA.
Essas soluções podem ser aplicadas na detecção de padrões, identificação de anomalias e análise de grandes volumes de informações, por exemplo. Isso permite uma avaliação mais precisa dos riscos, detecção de fraudes e inconformidade com regulamentações. Além disso, a IA pode automatizar tarefas repetitivas e de baixo valor agregado, como analisar contratos e documentos legais em busca de cláusulas específicas, acelerando o processo de revisão e identificação de potenciais problemas.
Ela também pode ser utilizada na detecção de comportamentos suspeitos, como transações financeiras irregulares ou atividades de lavagem de dinheiro. Através do aprendizado de máquina, os modelos de IA podem identificar padrões que seriam difíceis de serem identificados manualmente, auxiliando na prevenção e detecção de atividades ilegais ou não conformes.
Por fim, essas ferramentas tornam os processos e políticas de compliance mais rápidos, seguros e eficientes. A automação de tarefas, análise de grandes volumes de informações e detecção de padrões complexos contribuem com a eficiência, precisão e eficácia dos esforços de compliance, ajudando a empresa a cumprir regulamentações, detectar riscos e evitar violações legais.
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Gabriela B. Maluf é Founder & CEO da Thebesttype, empreendedora, escritora, advogada com 18 anos de experiência, especialista em Compliance Trabalhista, Relações Trabalhistas, Sindicais e Governamentais, Direito Público e Previdenciário, palestrante com mais de 200 eventos realizados e produtora de conteúdo técnico otimizado em SEO para sites e blogs.