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Economia circular: entenda o que é e sua relação com o ESG

Atualizado em 7 de março de 24 | Geral  por

Gabriela de Britto Maluf

A escassez dos recursos naturais é uma das grandes preocupações da atualidade. Isso porque este problema, associado ao crescimento populacional, revela um futuro preocupante e incerto. 

De acordo com matéria publicada no portal da revista Exame, segundo uma pesquisa realizada pelo “The Global Circularity Gap”, apenas 9% dos recursos produzidos foram reaproveitados em 2018, e esse número foi reduzido para 7,2% no ano de 2022. Esses dados demonstram a necessidade de reaproveitamento dos materiais, e uma das formas de fazer isso é a adoção de um modelo produtivo baseado em sustentabilidade que envolva a economia circular.

Neste cenário, o crescente interesse na conscientização ambiental e na busca por práticas corporativas responsáveis, a economia circular surge como uma solução inovadora para lidar com os desafios globais relacionados à escassez de recursos e aos impactos ambientais.

Neste conteúdo, falaremos melhor sobre este conceito, seus benefícios e como ele está relacionado diretamente com as práticas de ESG. Continue a leitura a seguir!

O que é economia circular?

De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, a economia circular baseia-se em repensar a forma de desenhar, produzir e comercializar produtos para garantir o uso e a recuperação inteligente dos recursos naturais. Ao contrário do modelo anterior, neste, o ciclo de vida do produto passa a ser mais longo e ganha duas novas etapas, sendo elas coleta e reciclagem. 

Desse modo, ao invés da matéria-prima ser utilizada apenas uma vez e descartada, os insumos são coletados, reciclados e voltam a ser utilizados novamente. Perceba que dessa forma é possível fazer uma gestão muito mais eficiente dos resíduos produzidos, evitando, por exemplo, que eles sejam descartados de forma incorreta na natureza.

Apesar de parecer simples, dados evidenciam que este processo ainda é muito pouco realizado. De acordo com uma matéria publicada no portal do G1, 96% de todos os resíduos produzidos no Brasil em 2022, não foram reaproveitados. Isso significa que o país reciclou apenas 4% dos 82 milhões de toneladas de resíduos produzidos naquele ano.

Em outras palavras, a economia circular é um modelo econômico que busca minimizar o desperdício de recursos, promovendo a reutilização, reciclagem e renovação de produtos, materiais e recursos. Assim, em vez de seguir o modelo tradicional linear de "extrair, produzir, usar e descartar", a economia circular propõe um ciclo contínuo, onde os produtos e materiais são reutilizados, reparados, reciclados e reintegrados na cadeia produtiva.

Qual a relação da economia circular com o ESG?

A relação entre a economia circular e as práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) está na preferência por organizações cujas operações sejam mais sustentáveis. Isso porque os princípios da economia circular devem ser incorporados às estratégias de negócios para englobar as questões ambientais (E), sociais (S) e de governança (G), conforme segue:

Ambiental (E): a economia circular ajuda a minimizar o impacto ambiental, reduzindo a extração de recursos naturais, diminuindo a produção de resíduos e promovendo práticas sustentáveis, alinhando-se com os objetivos ambientais dos critérios ESG;

Social (S): a economia circular cria oportunidades de emprego na gestão de resíduos, reciclagem e reutilização. Além disso, promove conscientização em relação aos impactos sociais, para melhoria das condições de trabalho tornando-as mais justas, considerando inclusive as comunidades locais afetadas;

Governança (G): a implementação de práticas de economia circular requer uma governança eficaz que zele por mais transparência, bem como a definição de políticas internas e, sobretudo, a divulgação transparente de práticas relacionadas à economia circular.

Assim, a adoção da economia circular melhora a reputação da empresa e atrai investidores socialmente responsáveis, o que faz dela uma ferramenta eficaz para avançar em direção aos objetivos ESG. Temos um artigo falando mais detalhes sobre este tema. Clique aqui para conferir.

Quais são os 3 pilares da economia circular?

Extrair, produzir e descartar. Atualmente, muitas organizações ainda mantêm esse mesmo modelo de fabricação. Aparentemente, o ciclo se encerra aí. Mas, para onde vão os produtos após eles serem utilizados pelos consumidores? 

Esse é um questionamento que por muito tempo não fez parte das organizações, principalmente pela predominância do sistema econômico linear. Como resultado, hoje, há um risco dos recursos naturais se esgotarem em um futuro não muito distante.

Tendo em vista essa situação, uma nova forma de comercialização tem sido amplamente discutida, que envolve mais etapas na cadeia produtiva, a economia circular baseada em 3 pilares. Confira a seguir a descrição de cada um deles:

Eliminação de Resíduos e Poluição desde o Início da Cadeia Produtiva

Como mencionado anteriormente, o método cíclico da economia circular deve iniciar antes mesmo da produção de bens de consumo, intervindo no projeto e design para promover a durabilidade e adaptações necessárias. Esse pilar estende-se à redução de resíduos, sobras e poluição, sendo aplicado desde a extração e transformação de recursos naturais em matéria-prima.

Logo, o objetivo é não apenas reduzir o desperdício, mas também otimizar o uso responsável dos recursos.

Manutenção de Produtos e Materiais em Uso

Este pilar estabelece que cada material deve ser utilizado pelo máximo de tempo possível. A vida útil de um material não se encerra quando seu ciclo de consumo é concluído.

A ideia é prolongar a utilidade dos produtos através de manutenção, reparos e reutilização, evitando descartes prematuros e contribuindo para a maximização do valor dos materiais.

Regeneração de Sistemas Naturais

Por meio de ações contínuas e sustentáveis, os participantes na economia atuam na recuperação dos ecossistemas. Logo, este pilar visa estabelecer um equilíbrio entre a produção de insumos e a preservação do meio ambiente.

As práticas adotadas têm como objetivo regenerar e proteger os sistemas naturais, contribuindo para a sustentabilidade e saúde a longo prazo dos ecossistemas.

Quais são os benefícios da economia circular?

A economia circular traz diversos benefícios, tais como a redução do consumo de recursos naturais, a minimização da geração de resíduos, a promoção da eficiência na utilização de recursos e a criação de oportunidades econômicas, contribuindo assim para a sustentabilidade ambiental e econômica a longo prazo.

Assim, é perceptível que essa mudança na forma de produzir e comercializar produtos traz diversas vantagens, entre elas podemos citar:

  • Redução da extração de matéria-prima;
  • Melhor uso dos recursos naturais;
  • Redução de custos operacionais;
  • Possibilidade de geração de empregos, ao desenvolver uma área para coleta e reciclagem;
  • Conscientização de colaboradores, fornecedores, parceiros e dos próprios consumidores sobre o meio ambiente;
  • Ganho reputacional;
  • Atração de investidores;
  • Entre outros.

Qual a diferença entre reciclagem e economia circular?

A reciclagem e a economia circular estão relacionadas, mas têm focos diferentes. A reciclagem trata de coletar e reutilizar materiais descartados, reduzindo o desperdício. 

Por outro lado, a economia circular é um conceito mais amplo, pois busca redesenhar todo o sistema, desde o design de produtos até o consumo e o descarte, visando eliminar desperdícios desde o início da produção e promover práticas mais sustentáveis ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos.

Assim, enquanto a reciclagem é uma prática específica, a economia circular representa uma forma mais abrangente e transformadora na maneira como lidamos com recursos e resíduos.

Conclusão

Cuidar do meio ambiente e fazer uso consciente dos recursos disponíveis na natureza é uma responsabilidade de todos. As empresas, que representam uma parte importante da sociedade, têm um papel fundamental nisso. 

Ao redesenhar os processos de produção é possível reduzir os impactos ambientais e contribuir para uma qualidade de vida melhor.

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Gabriela B. Maluf é Founder & CEO da Thebesttype, empreendedora, escritora, advogada com 18 anos de experiência, especialista em Compliance Trabalhista, Relações Trabalhistas, Sindicais e Governamentais, Direito Público e Previdenciário, palestrante com mais de 200 eventos realizados e produtora de conteúdo técnico otimizado em SEO para sites e blogs.