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Legal Operations: o que é e qual o seu papel?

Legal Operations: o que é e qual o seu papel?

Atualizado em 31 de outubro de 24 | Geral  por

Bárbara Guido.
Bárbara Guido

Imagem de um advogado no escritório.

O Direito e o mercado jurídico estão se transformando e precisam acompanhar as mudanças tecnológicas atuais. Análise de dados e Big Data para realização de jurimetria, inteligência artificial para automatizar funções, legal design para escrever petições e documentos técnicos são alguns exemplos que já estão sendo incorporados no dia a dia de departamentos jurídicos de empresas e escritórios de advocacia.

Além dessas inovações, outro exemplo é o surgimento de áreas e funções que pretendem elevar a eficiência operacional, segurança e a tecnologia no âmbito jurídico. Uma delas é a área de legal operations, que combina tecnologia e gestão na busca pela inovação jurídica.

Preparamos este artigo para você saber mais sobre a área, conhecer seus benefícios e entender como implementá-la no seu negócio. Continue a leitura a seguir!

O que é legal operations?

Legal operations, também chamada de “legal ops”, pode ser traduzida como “operações jurídicas”. Para explicar melhor, Paulo Silva, diretor de Legal Operations na e-Law, em entrevista ao podcast Direito 4.0, esclareceu que “legal operations é um modelo de gestão de departamentos jurídicos ou de escritórios de advocacia feita de forma sistêmica, ou seja, olha toda a operação de uma maneira ampla, com foco em eficiência e soluções escaláveis”

Ainda, com base na CLOC (Corporate Legal Operations Consortium), "“operações legais” (ou legal ops) descreve um conjunto de processos de negócios, atividades e profissionais que permitem que os departamentos jurídicos atendam seus clientes de forma mais eficaz, aplicando práticas comerciais e técnicas à entrega de serviços jurídicos. Legal ops fornece o planejamento estratégico, gestão financeira, gestão de projetos e expertise em tecnologia que permite que os profissionais jurídicos se concentrem em fornecer consultoria jurídica”.

Nesse sentido, é importante ressaltar que legal operations não é uma área que lida diretamente com a parte contenciosa. Ou seja, não atua com processos judiciais, audiências, redação de petições e outras funções típicas da advocacia. 

Portanto, legal operations não se confunde com o jurídico interno. Ao invés disso, a área é estratégica nos negócios, visando aproximar o jurídico dos outros setores, dando maior visibilidade ao departamento, seus profissionais, áreas de atuação e entregas.  

Diferença entre legal operations e controladoria jurídica

Por mais que a controladoria jurídica também atue com a gestão de escritórios ou departamentos, essa área não é sinônimo de legal operations. A controladoria lida com a gestão de atividades essencialmente jurídicas, como controle de prazos, intimações, citações, contratação de advogados correspondentes, etc.

Em contrapartida, legal ops faz a gestão administrativas das operações e processos internos, como marketing, controle financeiro, clima organizacional e ferramentas utilizadas. Legal operations é uma área transversal, que integra e dialoga com a Diretoria Jurídica, Controladoria, Administrativa/Financeira,  Tecnologia, Recursos Humanos,  Risco/Compliance, Comercial, etc.

Portanto, as duas áreas são fundamentais para que o setor jurídico possa desempenhar suas funções com autonomia.

Leia também: Compliance: o que é, quais os tipos e como aplicá-lo na sua empresa?

Quais profissionais atuam em legal operations?

Como dito anteriormente, legal ops é uma área diversa, sendo assim o ideal é que a equipe seja multidisciplinar. Mesmo sendo uma área de operação jurídica, ela não é exclusiva de advogados.

Assim, profissionais de diferentes setores podem trabalhar em legal operations, como contabilidade, administração, T.I, comunicação, entre outras, pois a gestão de um departamento e/ou escritório envolve diferentes atividades.

Segundo a pesquisa da Gartner, houve um aumento de 76% na contratação de profissionais para legal ops, o que mostra que a área de legal operations está em crescimento acelerado nos últimos anos.

Como implementar legal operations no seu negócio?

Segundo Paulo Silva, diretor de Legal Operations na e-Law, durante entrevista ao podcast Direito 4.0, legal operations possui três pilares: pessoas, processos e tecnologia. 

O pilar de pessoas refere-se aos profissionais atuantes. A área de legal operations deve ter pessoas dedicadas a ela. Sendo assim, não é indicado, por exemplo, que o mesmo advogado que faz atendimento ao cliente, audiências e petições, trabalhe com legal ops. Os profissionais envolvidos em legal ops devem cuidar exclusivamente das operações jurídicas.

Em relação a processos, a área deve mapear todos os processos internos do departamento jurídico ou do escritório de advocacia para então aplicar o terceiro pilar, a tecnologia.

A partir da identificação dos processos e das necessidades da empresa, os profissionais de legal operations poderão decidir quais ferramentas existentes no mercado são necessárias para atender às do departamento e/ou do escritório.

Além disso, a CLOC (Corporate Legal Operations Consortium) definiu 12 competências multidisciplinares, conhecidas como “Core 12”, para orientar a atuação de profissionais de legal operations e a implementação da área. São elas:

  1. Inteligência de Negócios (business intelligence): gerenciar e orientar a organização por meio de dados; análise de KPI’s; definição de OKRs;
  2. Gestão Financeira: desenvolver uma abordagem forte e sustentável para a gestão financeira e utilizar recursos de forma responsável;
  3. Gestão de Fornecedores: criar, sustentar e fortalecer relacionamentos firmes com fornecedores que apoiem as necessidades comerciais;
  4. Governança da Informação: definir e implementar diretrizes para compartilhar e reter informações; gerenciar riscos; criar políticas de privacidade; desenvolver estratégias de comunicação; entre outras ações para permanecer conforme os padrões corporativos e a legislação;
  5. Gestão do Conhecimento: cultivar uma cultura de compartilhamento, suporte mútuo e documentação em toda a organização;
  6. Otimização e Saúde Organizacional: projetar e dar suporte a equipes equilibradas, motivadas e de alto impacto; trazer uma visão geral forte para sua equipe e seu planejamento de RH;
  7. Operações: criar equipes flexíveis e eficientes, treinadas e experientes em operações, como eDiscovery, gerenciamento de contratos, gerenciamento de PI e muito mais;
  8. Gerenciamento de Projetos/Programas: projetar, implementar e liderar iniciativas departamentais e empresariais que funcionem; assumir projetos especiais complexos sem perder o foco ou a eficácia em outros lugares;
  9. Gestão de Serviços: criar um ecossistema complementar de fornecedores; inovar usando tecnologia para conectar diversos provedores de serviços;
  10. Planejamento Estratégico: definir metas e prioridades estratégicas que atendam às necessidades do seu departamento e do negócio em geral;
  11. Tecnologia: criar uma visão tecnológica clara que abranja todas as necessidades da sua organização; automatizar processos manuais, digitalizar tarefas físicas e melhorar a velocidade e a qualidade por meio da implantação estratégica de soluções tecnológicas;
  12. Treinamento e Desenvolvimento: treinar a equipe para serem eficazes, compatíveis e energizados ao projetar treinamento direcionado de alta qualidade; projetar uma experiência de contratação atraente que prepare os funcionários mais novos para o sucesso.

Quais benefícios a área de legal operations pode trazer ao seu negócio?

Legal operations é uma área de estudo e atuação ascendente no Brasil. Nos últimos 5 anos, ganhou força e se mostra como parceira de negócios, trazendo diversos benefícios, como a identificação de oportunidades para processos automatizados, uso estratégico de fornecedores para impulsionar a eficiência e reduzir custos.

Além de ser uma aliada para aumentar a transparência e uso de dados nas organizações, auxiliando na tomada de decisões.

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Bárbara Guido é mineira, advogada pela UFJF e estudante de Jornalismo na UFOP. Apaixonada por comunicação, atua como analista de governança corporativa e redatora de conteúdo jurídico e técnico para sites e blogs.