Indústria automotiva: o compliance na gestão de fornecedores
Atualizado em 24 de janeiro de 24 | Geral por
A gestão de fornecedores é uma prática empresarial que envolve a administração e coordenação das atividades relacionadas aos fornecedores de uma organização. O objetivo principal dessa administração é possibilitar que uma organização tenha acesso a produtos e serviços de qualidade, dentro do prazo e a preços competitivos.
Devido à sua importância, essa prática deve ser aplicada por todas as empresas, pois, independentemente do porte, uma empresa precisa entender com quem está se relacionando para evitar problemas futuros.
Quando se trata da indústria automotiva, a gestão de fornecedores alinhada ao compliance é indispensável, devido à complexidade de sua cadeia de suprimentos e às diversas demandas regulatórias presentes no setor.
Na produção de veículos, por exemplo, é possível perceber a grande quantidade de peças e componentes que compõem o produto final. No entanto, muitos desses insumos não são produzidos pela própria empresa, tornando necessário que a montadora mantenha relacionamento com uma gama imensa de terceiros.
Além disso, casos de fraude podem ocorrer, e um exemplo recente aconteceu com uma grande montadora. O caso envolve uma subsidiária que está sendo investigada por fraudar testes de colisão em alguns modelos de veículos no Japão, conforme veiculado no portal IG Carros.
Logo, é perceptível que uma boa gestão de fornecedores é imprescindível para as empresas deste segmento. Neste artigo, falaremos melhor sobre o tema e faremos também uma relação com o compliance.
Continue a leitura a seguir!
ESG na indústria automotiva
As exigências ambientais (ESG) no setor automotivo tendem a aumentar, em todo o mundo, tanto isso é verdade, que grandes montadoras como Renault, Volkswagen, Kia, Tesla e Volvo estão investindo em novos modelos de veículos elétricos, conforme divulgado no portal da revista Forbes.
Na Europa, há uma forte tendência de crescimento do mercado de elétricos, sobretudo após a Comissão Europeia ter proposto um corte de 55% nas emissões de gás carbônico de carros até o ano 2030, conforme divulgado no portal da revista Exame.
No Brasil, a Medida Provisória (MP 1.205/2023), estabelece o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) com o propósito de apoiar a descarbonização dos veículos brasileiros, promover o desenvolvimento tecnológico e fortalecer a competitividade global.
Essa norma visa conceder incentivos fiscais a empresas do setor automotivo que investem em práticas sustentáveis. Além disso, introduz novas obrigações à indústria automotiva, com o intuito de reduzir seu impacto ambiental. O texto agora passará por votação no Congresso Nacional, que terá um prazo de 60 dias para deliberar sobre a aceitação ou rejeição das novas regras.
Protocolos de segurança na indústria automotiva
Por se tratar de meios de transportes, a indústria automotiva precisa seguir os mais rígidos padrões de qualidade, realizando diversos testes com seus automóveis antes de disponibilizá-los ao mercado, garantindo dessa forma a segurança dos seus futuros clientes.
Ainda assim, acontece de o veículo ser lançado e só depois os fabricantes identificarem algum problema. Quando isso ocorre, é preciso fazer um recall e reparar imediatamente todos os defeitos encontrados.
De acordo com matéria publicada no portal Terra Brasil, em 2024, cerca de 1,6 milhão de veículos elétricos da Tesla deverão passar por procedimento de recall, devido a problemas no acelerador e no fechamento das portas.
O chamado para recall geralmente acontece por um defeito de fábrica, o que demonstra claramente a importância de atestar a qualidade dos insumos e dos fornecedores envolvidos na produção de um automóvel.
Autenticidade das peças
Analisando este contexto, pode-se compreender que utilizar somente peças originais e com garantia é fundamental para a indústria, pois dessa maneira a empresa pode se certificar que está entregando um produto de qualidade e seguindo critérios rigorosos.
Tendo esse entendimento, em setembro de 2020 o Grupo Renault desenvolveu o projeto blockchain XCEED (eXtended Compliance End to End Distributed), cujo objetivo é certificar a conformidade de todos os componentes de um veículo, desde o design até a produção.
O objetivo do projeto é ter certeza de que tudo está dentro dos padrões de conformidade em todas as etapas do processo de fabricação, reduzindo riscos e falhas.
Assim, investigar todos os fornecedores se torna essencial para garantir que a empresa esteja recebendo de fato os produtos legítimos e certificados.
Qual o objetivo do compliance na gestão de fornecedores?
Imagine constatar que as peças adquiridas pela empresa são na verdade falsificadas? Esse é um exemplo clássico de um dos principais objetivos do compliance, ou seja, checar a conformidade dos fornecedores.
Atualmente, já existe um consenso no sentido de que um programa estruturado de compliance tem como objetivo geral, proporcionar para a empresa mais transparência em seus processos, garantir o cumprimento de normas e leis, reduzir riscos, e identificar, prevenir e tomar as medidas cabíveis em caso de práticas de atos ilícitos.
Esse processo começa com uma mudança de cultura na empresa e com a criação de um código de conduta ética, e passa pela criação de canais de denúncias com o intuito de mitigar riscos, dentre outras medidas.
Desse modo, dentre as providências adotadas no programa de integridade, em matéria de gestão de fornecedores, realizar uma due diligence é imprescindível. Antes de se firmar uma relação comercial, realizar uma investigação prévia pode fazer total diferença para a empresa.
Além disso, é importante mencionar também que essa ação vai ao encontro de algumas normas presentes no setor, como por exemplo a IATF 16949, que estabelece requisitos requisitos de processo do sistema de gerenciamento de qualidade para a indústria.
Informações a serem verificadas
Existem diversas informações que podem ser utilizadas como critério de avaliação para a escolha ou não de um fornecedor, cabe a cada empresa analisar individualmente o grau de risco que aquela relação pode oferecer.
Quanto mais detalhada for a diligência, mais áreas de risco será possível analisar e dessa forma garantir mais segurança. Dentre alguns exemplos de dados que geralmente são verificados, pode-se citar:
- Processos judiciais;
- Mídias negativas;
- Pendências financeiras;
- Embargos ambientais;
- Participação em listas restritivas;
- Identificação de Pessoas Politicamente Expostas (PEPs) no negócio;
- Relações societárias e de parentesco;
- Entre outros.
Com as informações em mãos, a empresa consegue ter uma visão mais ampla e tomar decisões mais assertivas. Sendo assim, pode-se concluir que tanto o compliance como a gestão de fornecedores em si são indispensáveis para um desenvolvimento seguro das empresas automotivas.
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As consultas podem ser realizadas somente com o número de CPF ou CNPJ de interesse, bem como nome completo ou razão social.
Monitore e previna riscos na empresa
O upMiner também pode ser utilizado para monitorar aqueles que já fazem parte da organização, com a funcionalidade de gerar um novo relatório (dossiê) em um tempo pré-determinado pelo usuário.
Desta maneira, caso seja constatado um novo processo judicial ou uma nova mídia negativa de um fornecedor, por exemplo, a organização terá essas informações com antecedência para tomar as devidas providências.
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Gabriela B. Maluf é Founder & CEO da Thebesttype, empreendedora, escritora, advogada com 18 anos de experiência, especialista em Compliance Trabalhista, Relações Trabalhistas, Sindicais e Governamentais, Direito Público e Previdenciário, palestrante com mais de 200 eventos realizados e produtora de conteúdo técnico otimizado em SEO para sites e blogs.
