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Governança de dados: o papel da ética digital

Governança de dados: o papel da ética digital

Atualizado em 15 de junho de 23 | Geral  por

Gabriela de Britto Maluf

O rápido processo de digitalização e as recentes crises globais aceleraram a percepção por parte das empresas sobre a importância da ética digital. A governança de dados é o processo pelo qual é possível zelar pela ética nos ambientes digitais.

Isso porque a governança de dados é um conjunto de processos, políticas e procedimentos que garantem a gestão adequada dos dados de uma organização. 

O seu papel é estabelecer as diretrizes para a coleta, armazenamento, organização, qualidade, integridade, segurança e uso dos dados. Acompanhe a leitura deste artigo e compreenda melhor o processo de governança de dados e o seu relevante papel na promoção da ética digital. 

O que é governança de dados?

A governança de dados visa assegurar que os dados sejam tratados como devem ser, ou seja, como ativos valiosos, e também que sejam gerenciados de forma eficiente, consistente e confiável. Ela define responsabilidades e papéis claros para todos os atores envolvidos no ciclo de vida dos dados, incluindo proprietários de dados, usuários, especialistas em dados e equipes de TI.

Ela envolve a criação de políticas, a definição de padrões, a implementação de ferramentas tecnológicas, a capacitação dos colaboradores e a adoção de boas práticas para garantir a gestão efetiva dos dados ao longo do tempo.

Qual o objetivo da governança de dados?

O principal objetivo da governança de dados é resguardar a qualidade dos dados, ou seja, é garantir a precisão, integridade e consistência dos dados, evitando duplicidades, erros e informações desatualizadas.

No entanto, há ainda outros objetivos relevantes, como garantir a conformidade regulatória, assegurando que a coleta e o uso dos dados estejam em conformidade com as leis, regulamentos e políticas internas e externas aplicáveis, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Outro ponto de extrema importância é a garantia da privacidade e segurança. É preciso proteger os dados contra acessos não autorizados, garantindo a confidencialidade das informações sensíveis por meio da implementação de controles de segurança, criptografia, monitoramento e gestão de riscos.

Além disso, a governança de dados tem o papel de fornecer dados confiáveis e relevantes para apoiar a tomada de decisões estratégicas e operacionais dentro da organização e de padronizar os processos de gestão de dados para otimizar a sua utilização, reduzir redundâncias, minimizar retrabalhos e melhorar a eficiência e produtividade organizacional.

Uma parte essencial da governança de dados é a definição de papéis e responsabilidades claras para os envolvidos. Isso inclui a designação de um responsável pelos dados, cujo papel é gerenciar um conjunto específico de dados e criar comitês ou conselhos de governança de dados para tomar decisões estratégicas relacionadas aos dados.

Por fim, ela também abrange aspectos técnicos, como a padronização de metadados, que são informações descritivas sobre os dados, facilitando a sua compreensão e utilização. 

Desta forma, a definição de modelos de dados, políticas de qualidade e integridade dos dados, e a implementação de processos de gestão do ciclo de vida dos dados também são parte integrante dessa governança.

O que é ética digital?

A rápida evolução das plataformas digitais, trouxe novos desafios éticos e levantou questões complexas sobre privacidade, segurança, manipulação de informações, discriminação algorítmica, etc., e a ética digital busca lidar com essas questões e promover um uso responsável e benéfico da tecnologia.

Neste cenário, a ética digital consiste em um conjunto de princípios e valores morais que guiam o comportamento e as decisões relacionadas ao uso da tecnologia. Ela busca estabelecer diretrizes e padrões éticos para orientar as interações, a privacidade, a segurança e as responsabilidades no mundo digital.

Como a governança de dados contribui para a ética digital?

A governança de dados desempenha um papel fundamental na promoção da ética digital. Isso porque todas as políticas, diretrizes e processos estabelecidos para a gestão dos dados no âmbito da governança de dados, ajudam a garantir que o uso da tecnologia digital seja feito de maneira responsável, transparente e em conformidade com os princípios éticos.

Em outras palavras, a preservação da privacidade e a proteção dos dados pessoais são orientadas pelas políticas de governança de dados e suas diretrizes para a coleta, o uso e o armazenamento de dados pessoais. Isso ocorre por meio da implementação de controles de segurança, a adoção de práticas de anonimização e a obtenção de consentimento informado dos usuários.

Além disso, a governança de dados promove a transparência nas práticas relacionadas aos dados, permitindo que os usuários entendam como suas informações estão sendo coletadas, usadas e compartilhadas. Ela também estabelece mecanismos de prestação de contas, responsabilizando as organizações pelo uso adequado e ético das informações.

Qualidade e confiabilidade

A qualidade dos dados é também um ponto relevante, por isso é preciso criar padrões e processos para evitar erros, inconsistências e informações enganosas.

Todos esses processos visam aumentar a confiabilidade das informações disponíveis e evitar a disseminação de dados incorretos que possam afetar negativamente a tomada de decisões e a confiança dos usuários. A governança promove a prática de obter consentimento informado dos usuários em relação à coleta e ao uso de suas informações.

Esse ato incentiva a transparência na comunicação sobre como os dados serão usados, permitindo que os usuários tenham maior controle. Neste contexto, também é considerado a participação ativa dos usuários na definição de políticas e diretrizes relacionadas ao tema.

Outro ponto de atenção é a chamada discriminação algorítmica, que é um “efeito colateral” da transformação digital e das ferramentas utilizadas nesse processo, a qual precisa ser identificada e corrigida.

A governança de dados identifica e toma ações para mitigar esse problema, criando diretrizes claras para o desenvolvimento e a implementação de algoritmos. Dentre as ações que devem ser tomadas podemos destacar a revisão dos conjuntos de dados para identificar e corrigir vieses, a criação de mecanismos de supervisão e auditoria de algoritmos e a promoção da diversidade e inclusão na concepção dos modelos de dados.

Conclusão

Por fim, respondendo a pergunta inicial, quando a empresa implementa uma governança de dados efetiva, ela demonstra credibilidade e zelo pela proteção dos direitos e privacidade dos usuários, bem como com a utilização ética e responsável da tecnologia.

Em outras palavras, no contexto atual, em que as organizações estão lidando com grandes volumes de dados provenientes de diversas fontes, como dispositivos IoT, redes sociais e sistemas empresariais, a governança de dados é o processo indicado para garantir confiabilidade, segurança e conformidade. Ela oferece uma estrutura para garantir que as decisões relacionadas aos dados sejam tomadas de maneira ética, promovendo a confiança e a integridade no ambiente digital, e é neste ponto que ambos os conceitos se relacionam.

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Gabriela B. Maluf é Founder & CEO da Thebesttype, empreendedora, escritora, advogada com 18 anos de experiência, especialista em Compliance Trabalhista, Relações Trabalhistas, Sindicais e Governamentais, Direito Público e Previdenciário, palestrante com mais de 200 eventos realizados e produtora de conteúdo técnico otimizado em SEO para sites e blogs.