Gestão de riscos no agronegócio: quais os principais desafios e como executar o processo?
Atualizado em 5 de setembro de 25 | Geral por
A gestão de riscos no agronegócio é um processo fundamental para garantir a sustentabilidade e a competitividade do setor. Nesse sentido, a antecipação de ameaças, o planejamento de ações de mitigação e o uso de tecnologia são grandes aliados para minimizar impactos e transformar riscos em oportunidades.
Guia rápido de leitura💡| Aqui, você vai encontrar:
- Desvendando o conceito: o que é gestão de riscos no agronegócio?
- Os 5 principais tipos de riscos no agronegócio
- A vantagem estratégica da gestão de riscos
- Passo a passo: 5 etapas essenciais para a gestão de riscos no agronegócio
Quando o assunto é gestão de riscos no agronegócio, não há como negar a importância crítica dessa prática, especialmente quando consideramos o posicionamento do Brasil como uma das maiores potências mundiais no setor. De acordo com o IBGE, a agropecuária nacional cresceu 10,1% no 2ª trimestre de 2025, representando uma alta de 2,2% no PIB em comparação ao mesmo período de 2024.
As perspectivas também são otimistas: segundo um estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a fatia do agronegócio no PIB deve fechar 2025 no maior nível em 22 anos, podendo alcançar R$ 3,79 trilhões (sendo R$ 2,57 trilhões no ramo agrícola e R$ 1,22 trilhão no pecuário).
Em contrapartida, a verdade é que os riscos e incertezas também são inerentes ao setor, com destaque para os riscos climáticos. Com a frequência cada vez maior de eventos metereológicos extremos nos últimos anos, a vulnerabilidade da agricultura só aumenta.
Para se ter uma ideia, somente no período de 2021 a 2023, os investimentos em instrumentos de gestão de riscos agrícolas alinhados aos objetivos climáticos totalizaram R$ 2,6 bilhões ao ano, sendo US$ 1,4 bilhões provenientes de fontes públicas.
Com isso em mente - e considerando ainda outros fatores críticos como oscilações do mercado, contexto político e crises financeiras- a gestão de riscos no agronegócio se firma como uma pauta cada vez mais urgente. Acompanhe a leitura conosco!
Desvendando o conceito: o que é gestão de riscos no agronegócio?
De maneira geral, a gestão de riscos é o processo sistemático de identificar, avaliar e mitigar ameaças ou incertezas que podem afetar uma organização. A prática envolve a análise da probabilidade e do nível de impacto desses riscos, as estratégias de redução de danos e o monitoramento da efetividade dessas ações.
Nesse cenário, quando aplicada ao agronegócio, a gestão de riscos adquire uma nova dimensão de complexidade, uma vez que diversas variáveis entram em cena: oscilações dos mercados em todo o mundo (que afetam a produção e a lucratividade), condições climáticas, falhas na gestão, incertezas financeiras e até desastres naturais são exemplos.
A vantagem estratégica da gestão de riscos
Em contrapartida, os benefícios do processo são inestimáveis, abrangendo aspectos como a melhoria na reputação corporativa, maior precisão na tomada de decisões, a redução drástica de perdas financeiras, maior eficiência operacional e a própria continuidade/sustentabilidade da organização a longo prazo.
Para se ter uma ideia, conforme uma pesquisa da PwC, as empresas que investem em gerenciamento de riscos estratégico têm 5 vezes mais chances de fomentar a confiança dos stakeholders e ter melhores resultados nos negócios, assim como 2 vezes mais chances de apresentar um crescimento mais rápido nos lucros.
Os 5 principais tipos de riscos no agronegócio
1. Riscos Regulatórios
Críticos para negócios de todos os segmentos, os riscos legais e regulatórios reforçam a importância do compliance e seu papel no setor do agronegócio.
A conformidade com as normas e regulamentos cabíveis é essencial para prevenir multas, sanções e outras penalidades, assim como evitar repercussões negativas e impactos na reputação organizacional.
Vale ter em mente, ainda, que atualizações na legislação ambiental, trabalhista e tributária podem afetar diretamente a competitividade e os custos operacionais do negócio (considerando os investimentos e o tempo para adaptação).
2. Riscos Climáticos
Em tempos de debates sobre a crise climática e o aquecimento global, não há como não citar este que é um dos riscos mais críticos para o setor agropecuário. Entre períodos de secas, tempestades, geadas e variações meteorológicas bruscas, a produção agrícola pode ser diretamente impactada - tanto no nível de produtividade, quanto na qualidade das safras.
De acordo com a Embrapa, as consequências das mudanças climáticas podem acarretar uma queda de até 30% no rendimento das principais culturas agrícolas brasileiras até 2050.
3. Riscos Econômicos
É inegável: o mercado do agronegócio é altamente volátil. Flutuações de câmbio e no preço das commodities (inclusive devido às variações climáticas), além de alterações nas políticas e acordos comerciais são ocorrências bastante comuns.
Tudo isso, é claro, tende a gerar impactos significativos nos resultados financeiros e adiciona uma camada extra de insegurança para os produtores, ameaçando a sustentabilidade do segmento a longo prazo.
Aqui, o investimento em inovação e estratégias de diversificação de culturas são táticas relevantes de gestão de riscos para enfrentar os desafios da instabilidade.
4. Riscos Biológicos
Outra particularidade significativa da gestão de riscos no agronegócio são as ameaças de nível biológico, ou seja, a ocorrência de pragas e doenças nas criações e lavouras.
Segundo a Fundação Getúlio Vargas, a infestação de pragas é capaz de reduzir a produção em até 20%. Nesse sentido, lançar mão do correto controle sanitário dos animais e do uso adequado de defensivos agrícolas são ações estratégicas para o setor.
5. Riscos Operacionais
As ameaças mais diretas às operações e processos de trabalho também devem ser consideradas. É o caso, por exemplo, de falhas em máquinas e equipamentos agrícolas (aumentando os custos de manutenção), a escassez de mão de obra (principalmente em períodos de picos de atividade) e desafios de logística e infraestrutura (tais como problemas de estoque e distribuição).
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Passo a passo: 5 etapas essenciais para a gestão de riscos no agronegócio
1. Mapeamento e identificação de riscos
Naturalmente, antes da avaliação e da gestão propriamente dita dos riscos, é preciso identificá-los. Nessa etapa inicial, aposte em recursos como a análise SWOT, consultoria de especialistas, inspeções de campo e análise do histórico de dados para detectar quais tipos de riscos (conforme tópico acima) o negócio está vulnerável.
2. Avaliação e classificação
Passada a identificação, é o momento de classificar os riscos mapeados conforme seu nível de severidade, frequência e priorização.
Aqui, é preciso analisar a probabilidade de ocorrência de um risco e seu impacto financeiro e organizacional para o negócio. Ferramentas como a matriz de risco (que elenca as ameaças de acordo com probabilidade e impacto), análise de possíveis cenários e indicadores de desempenho são boas aliadas.
3. Elaboração de plano de respostas e mitigação de riscos
Chegou o momento de traçar ações práticas. Aqui, é importante considerar as frentes de prevenção (medidas que evitem a concretização das ameaças); redução de probabilidade ou do nível do impacto do risco; transferência (quando há possibilidade de transferir o risco para terceiros, como no caso dos seguros) e aceitação (a hipótese de aceitar o risco, nos casos em que as despesas com mitigação superam os benefícios).
Vale destacar que o planejamento deve incluir as etapas detalhadas a serem seguidas, assim como os recursos requeridos e a designação de responsabilidades.
No agronegócio, exemplos de ações de prevenção e mitigação relevantes incluem:
- Tecnologias especializadas, como softwares de monitoramento de clima/pragas e plataformas de compliance e gestão de riscos;
- Produção diversificada, reduzindo a dependência de uma única cultura/mercado;
- Implementação de políticas ESG;
- Seguros agrícolas.
4. Monitoramento contínuo e inteligente dos riscos
Para o necessário acompanhamento, a recomendação é investir em sistemas de inteligência de dados com recursos que monitoram as condições climáticas, a produção e o mercado do agronegócio em tempo real.
Adicionalmente, é importante revisar a matriz de riscos de tempos em tempos para recalcular a rota do plano de ação, assim como definir indicadores de alerta para riscos em ascensão.
5. Invista em treinamentos periódicos de compliance
Para integrar a conformidade e a gestão de riscos na cultura organizacional, implemente um calendário de treinamentos para capacitar os colaboradores em compliance, as melhores práticas agrícolas e as normas de segurança. O objetivo, de fato, é fortalecer uma postura estratégica e preventiva (e não apenas reativa) em todos os níveis hierárquicos.
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