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Compliance, diversidade e inclusão: qual a rela...

Compliance, diversidade e inclusão: qual a relação entre eles?

Atualizado em 8 de fevereiro de 24 | Geral  por

Bárbara Guido.
Bárbara Guido

No âmbito das empresas e mercado de trabalho, estes temas estão na “moda” e, a cada dia, a sociedade torna-se mais exigente em relação ao aumento de oportunidades e representatividade.

No artigo a seguir, iremos explicar qual a relação entre compliance, diversidade e inclusão. Acompanhe!

O que é compliance?

Para entender a relação entre compliance, diversidade e inclusão é necessário conhecer o que é cada um desses conceitos. A palavra compliance vem do verbo em inglês “to comply” e significa “estar em conformidade”. Estar em compliance, portanto, quer dizer estar em concordância com leis, decretos, regulamentos e normas.

Esse instituto, no entanto, precisa ser compreendido em um sentido amplo. O compliance deve ser encarado nas empresas privadas e órgãos públicos como fator de cultura organizacional. O compliance se ramifica em diversos “tipos”.

Um tipo de compliance que está ganhando força e tem relação com a diversidade e inclusão é o compliance antidiscriminatório.

Você pode saber tudo sobre este tema em nosso artigo: Compliance antidiscriminatório: confira o que é e exemplos práticos de aplicação

O que é diversidade e inclusão?

Diversidade e inclusão andam juntas e, por isso, costumam ser tratadas como sinônimos, porém não é bem assim.

De acordo com a definição dada pelo dicionário Michaelis, diversidade significa “qualidade daquilo que é diverso, diferença, variação ou conjunto que apresenta características variadas; multiplicidade”. Já a inclusão, o dicionário define como “ato ou efeito de incluir(-se); introdução de uma coisa em outra, de um indivíduo em um grupo; inserção”.

Para se ter uma ideia da nossa diversidade, basta olhar os dados do Censo 2022 realizado pelo IBGE. O Brasil conta com mais de 200 milhões de habitantes. As mulheres representam 51,5% da população e os homens, 48,5%. 

Quando se trata de cor ou raça, a população brasileira que se declara parda ultrapassou o número de pessoas que se declaram brancas. Nessa mesma esteira, a população indígena aumentou consideravelmente desde o Censo de 2010, ultrapassando o número de 1 milhão de pessoas.

Os números mostram a importância de organizações acompanharem a evolução da sociedade e o avanço da diversidade e promoverem mecanismos de inclusão. Quando se trata de inclusão, é necessário uma mudança estrutural nas empresas, com a proposição de discussões profundas e ações objetivas para a ampliação do acesso a oportunidades.

Qual a relação entre compliance, diversidade e inclusão?

A diversidade e inclusão é um dos princípios de compliance, juntamente com suporte da alta administração, avaliação de riscos, controles internos, treinamento e comunicação, due diligence, auditorias, entre outros. Dessa forma, o programa de compliance pode auxiliar na consolidação de uma cultura diversa e inclusiva.

O compliance é responsável por estabelecer normas conduta e ética, bem como por fomentar a cultura de equidade, comunicação, respeito e participação, estando intimamente ligado aos princípios de diversidade e inclusão.

Muitas empresas possuem setores diferentes para o compliance e para as iniciativas de D&I. Em algumas, essas iniciativas são coordenadas pelo setor de RH. É fundamental que esses setores, assim como jurídico, marketing e, principalmente, a alta administração, caminhem juntos em busca da transformação da cultura empresarial.

O programa de compliance desenvolve e acompanha a execução de mecanismos de controle para prevenir, detectar e remediar desvios de conduta. Portanto, é fundamental para coibir atitudes machistas, racistas, homofóbicas, capacitistas e segregadoras, por exemplo.

Além disso, para estar “em compliance”, ou seja, em conformidade com as leis, empresas precisam cumprir legislações como a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e as demais leis que consolidam políticas públicas de ações afirmativas, com a imposição de cotas para a contratação de pessoas com deficiência, por exemplo.

Ações práticas para promoção de diversidade e inclusão

É importante salientar que diversidade e inclusão devem ser uma estratégia organizacional de toda a empresa e não só um projeto do RH ou do setor de compliance. As iniciativas de D&I dependem do equilíbrio na oferta de oportunidades e da incorporação à cultura organizacional a longo prazo.

Mudança de cultura é um caminho difícil, porém não é impossível. Para atingi-la e promover a diversidade e inclusão, algumas ações podem ser colocadas em prática, tais como:

  • Engajamento da Alta Administração e desenvolvimento das lideranças para estarem aptas a contratar, integrar e reter profissionais diversos;
  • Implementação do programa de integridade e controles internos como forma de accountability interna. Ou seja, utilizar o compliance para responsabilização, prestação de contas, controle, fiscalização e transparência de todos os colaboradores e setores;
  • Fortalecimento da comunicação interna com criação de cartilhas de diversidade, vídeos educativos e palestras com especialistas;
  • Instalação de canal de denúncias e ouvidoria para dar segurança a colaboradores vítimas de comportamentos preconceituosos;
  • Realização de treinamentos periódicos e ações de sensibilização para educar sobre as várias formas de diversidade;
  • Criação de comitês ou grupos de afinidade onde as pessoas se sintam seguras e a vontade para compartilhar ideias, desabafos, etc.;
  • Avaliação e modificação de questões da estrutura física da empresa, com a implantação de rampas, elevadores, banheiros acessíveis, entre outros;
  • Atualização de critérios nos processos seletivos para contratação;
  • Caso a empresa esteja começando a construir o programa de integridade e a implementar políticas de D&I do zero, é interessante contratar consultoria especializada nessa área. A consultoria pode auxiliar a empresa a fazer diagnósticos do quadro de funcionários e pesquisas de clima para propor ações eficientes de acordo com o perfil da empresa.

Investir verdadeiramente em diversidade e inclusão é investir em direitos humanos! A longo prazo, a empresa se beneficia com o fortalecimento da marca e da reputação, promoção do desenvolvimento sustentável, atração e retenção de talentos e crescimento econômico.

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Bárbara Guido é mineira, advogada pela UFJF e estudante de Jornalismo na UFOP. Apaixonada por comunicação, atua como analista de governança corporativa e redatora de conteúdo jurídico e técnico para sites e blogs.