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Entenda o que são e como fazer a gestão dos riscos financeiros

Atualizado em 9 de julho de 24 | Geral  por

Bárbara Guido.
Bárbara Guido

Você sabia que até as mudanças climáticas podem ocasionar riscos financeiros em uma organização? É o que afirma o integrante do comitê executivo e vice-presidente do comitê de supervisão do Banco Central Europeu (BCE), Frank Elderson.

Em entrevista ao portal de notícias Valor Econômico, Frank Elderson argumenta que o aquecimento global e a degradação da natureza vão contribuir para o aumento da volatilidade macroeconômica e terão impactos profundos para os riscos financeiros.

Com isso, cresce, diariamente, a preocupação com os chamados riscos financeiros. Por isso, fintechs já apostam na utilização de inteligência artificial para o mapeamento e gestão desse tipo de ameaça.

As empresas precisam ter uma compreensão aprofundada do que são riscos financeiros. Este artigo tem o objetivo de ajudá-los nesse processo. Continue a leitura para obter mais informações!

O que são riscos financeiros?


Quando pensamos em “risco” no meio corporativo, logo associamos a algo ruim. Conforme o manual “Risco Financeiro: medida e gestão”, “o risco existe quando há a probabilidade de uma determinada situação ter um resultado que não é o desejado”.

Dessa forma, qualquer atividade que envolva transações financeiras e investimentos oferece diferentes tipos de riscos. Um deles é o financeiro. Os riscos financeiros fazem parte da rotina de todas as empresas, independente de seu porte.

De forma geral, ele compreende as possíveis ameaças à estabilidade financeira de uma pessoa jurídica. Diversos fatores podem ocasionar riscos financeiros, entre eles, fatores internos ou externos.

No caso de fatores internos, temos a falta de conformidade com controles e regulamentos, falta de transparência de informações, ausência de auditoria contábil, entre outros. Já os fatores externos, estão relacionados com os efeitos das variáveis macroeconômicas sobre as empresas, como, por exemplo, a taxa de inflação, a taxa de juro e a taxa de crescimento do PIB.

Quais são os principais tipos de riscos financeiros?


Os riscos financeiros podem ser divididos em três tipos: riscos de crédito, de mercado e de liquidez. Veja a seguir a descrição de cada um deles e quais empresas e investidores estão expostos:

Riscos de mercado

Esse tipo de risco afeta todas as empresas e organizações, independente de seu porte ou ramo de atuação. Relaciona-se a potenciais perdas nas carteiras de negócios ou investimentos, decorrentes das alterações das condições econômicas e financeiras.

Ou seja, é decorrente das mudanças adversas nas taxas de mercado e preços, como as taxas de juros, de câmbio, preços de mercadorias, ou as cotações das ações. Um risco de mercado comum é a alta ou queda do valor do dólar, por exemplo. 

Risco de crédito

Segundo definição do Banco Central do Brasil, “o risco de crédito é o risco de uma instituição não conseguir honrar pagamentos decorrentes da emissão de títulos, depósitos ou qualquer outra obrigação contratual, ou compromisso financeiro assumidos com os investidores”. 

Pode parecer de difícil compreensão, mas trazendo para a realidade dos consumidores, isso se equipara ao famoso “nome sujo”. Está relacionado ao risco de inadimplência. Pessoas jurídicas também podem ser devedoras. Sendo assim, este risco é o não pagamento dos temidos boletos.

Segundo o Monitor RGF de Recuperação Judicial, no 1º trimestre de 2024, o Brasil possuía 4.203 empresas em recuperação judicial, mecanismo utilizado para evitar que uma organização quebre e não honre com o pagamento de suas dívidas e obrigações trabalhistas.  

Riscos de liquidez

Esse risco é muito temido por investidores. De acordo com explicação da Brasilprev, “a liquidez pode ser entendida como a capacidade de transformar um ativo em dinheiro”. Um ativo pode ser um imóvel ou investimento em ações, por exemplo.

Sendo assim, com base na definição do Banco Central do Brasil, esse é o risco de não conseguir pagar o que se deve na hora que precisa, mesmo que o seu patrimônio seja suficiente para saldar o débito. Por exemplo, pode acontecer quando uma pessoa tem uma casa, mas demoraria muito para vendê-la e usar o dinheiro da venda para pagar a dívida.

Além dos riscos financeiros, empresas e investidores também estão sujeitos a outros tipos de riscos que podem afetar a estabilidade financeira. São eles:

Riscos operacionais

O Banco Central do Brasil classifica este tipo de risco como aquele que representa perdas diretas ou indiretas resultantes de processos internos inadequados, ou falhos, pessoas, sistemas ou eventos externos. Além disso, pode advir de fraudes internas e externas.

Riscos legais ou de compliance

Esse tipo decorre de violações ou da não conformidade relativamente a leis, regulamentos, contratos, códigos de conduta, práticas instituídas ou princípios éticos.

Para facilitar a compreensão, com base no manual, “Tipos de riscos na atividade bancária”, fizemos a seguinte tabela para facilitar o entendimento da classificação dos tipos de riscos financeiros. Confira:

Tabela de riscos financeiras.

Como prevenir e gerir riscos financeiros?


O primeiro passo para a gestão de riscos financeiros é identificá-los e analisá-los. Assim será possível conhecer a realidade de sua empresa e adotar as estratégias corretas para, então, mitigá-los. As atividades de mitigação envolvem a implementação de programa de compliance e realização de auditorias regulares. 

Além disso, para a prevenção e gerenciamento de riscos financeiros, estão incluídas atividades como:

  • Criação de políticas e procedimentos para lidar com questões relacionadas à conformidade;
  • Treinamento para os funcionários;
  • Realização de auditorias internas e externas para identificar e corrigir problemas;
  • Investimento em tecnologia de conformidade, como software de gerenciamento de risco;
  • Automação de compliance, para auxiliar no gerenciamento e monitoramento dos riscos.

Assim, para gerenciar os riscos de forma eficaz, é necessário desenvolver estratégias para mitigar cada uma das vulnerabilidades identificadas.

Neste momento, a equipe de compliance precisa avaliar a probabilidade de um risco ocorrer e quais são as condições mais favoráveis para isso. Bem como as consequências previstas se cada vulnerabilidade se concretizar.

É fundamental fazer essa análise para tomar decisões conscientes e preparadas para lidar com os possíveis riscos, e assim minimizar os danos causados.

PGR e seu papel no gerenciamento dos riscos financeiros


O Processo de Gestão de Riscos (PGR) é um conjunto de atividades e procedimentos que visam identificar, avaliar, tratar e monitorar os riscos que afetam a realização dos objetivos de uma organização. Por meio dele, empresas podem identificar quais regulamentações e normas são aplicáveis ao segmento em que atua.

O PGR também é um importante aliado do programa de integridade, pois facilita o cumprimento das regulamentações e normas. Além disso, é uma excelente prática de gestão de negócios.

A ISO 31000 orienta o Processo de Gestão de Riscos (PGR). A norma sugere a incorporação do PGR na estrutura, funcionamento e atividades da organização. O PGR pode ajudar na gestão de riscos financeiros de diversas maneiras, incluindo:

  • Identificação: o PGR permite que as empresas identifiquem os riscos financeiros. Isso inclui riscos de mercado, de crédito, de liquidez, entre outros;
  • Avaliação: uma vez identificados os riscos, o PGR permite avaliar sua probabilidade e impacto, permitindo assim a priorização dos riscos mais críticos;
  • Tratamento: permite que as empresas implementem medidas para mitigar ou transferir os riscos financeiros;
  • Monitoramento: faz com que as empresas acompanhem e revisem continuamente seus riscos financeiros e as medidas implementadas para mitigá-los.

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Bárbara Guido é mineira, advogada pela UFJF e estudante de Jornalismo na UFOP. Apaixonada por comunicação, atua como analista de governança corporativa e redatora de conteúdo jurídico e técnico para sites e blogs.