Automação jurídica: por que, quando e como investir?
Atualizado em 16 de outubro de 25 | Geral por
A automação jurídica vem se consolidando como parte essencial da transformação digital no setor legal, impulsionada por tecnologias de IA e outras lawtechs. Ao automatizar tarefas repetitivas (como geração de documentos, gestão de processos e compliance), a inovação aumenta a eficiência, reduz custos e fortalece a conformidade regulatória.
Guia rápido de leitura💡| Aqui, você vai encontrar:
- Inovação a favor da Lei: o que é automação jurídica?
- Como a automação jurídica funciona na prática?
- Por que investir em automação jurídica?
- Quando investir em tecnologias de automação?
- Passo a passo: como implementar automação jurídica?
Com a evolução crescente do campo legal, a confiança e a adesão de tecnologias especializadas - chamadas de “lawtechs” - têm se tornado unanimidade no mercado.
Segundo um relatório do Gartner, as ferramentas de automação jurídica já estão entrando em uma fase de adoção abrangente: se antes eram experimentação, hoje se tornam parte essencial da infraestrutura operacional de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos.
No entanto, não há como negar que os desafios e receios ainda permanecem: o Leadership Vision Report 2025, também do Gartner, mostrou que enquanto 66% dos líderes do setor jurídico relatam planos de aumentar os investimentos em tecnologias legais, apenas 29% estão confiantes de melhorar a escala e a velocidade dos seus processos de trabalho.
A seguir, tire todas as suas dúvidas sobre automação jurídica, incluindo as principais aplicações práticas e por que, quando e como investir nessa inovação!
Inovação a favor da Lei: o que é automação jurídica?
Automação jurídica é a aplicação de tecnologia para otimizar ou automatizar completamente fluxos de trabalho jurídicos que são repetitivos e rotineiros, liberando os especialistas para focar seus esforços em atividades estratégicas e de alto valor agregado.
Em geral, a automação é baseada em recursos de inteligência artificial (IA) e possibilita a execução de tarefas com mínima intervenção humana, incluindo a criação de contratos, revisão de documentos, gestão de casos legais e checagens de compliance.
Uma coisa é certa: cada vez mais, as firmas buscam investir em automação para padronizar as operações e aprimorar o rendimento de processos.
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Como a automação jurídica funciona na prática?
Ao eliminar o trabalho manual, otimizar o tempo dos profissionais e reduzir erros, a automação jurídica é aplicada com sucesso em diferentes frentes.
De acordo com uma pesquisa da Thomson Reuters, 38% dos profissionais da área jurídica estão utilizando automação de documentos e 47% estão utilizando recursos de revisão de documentos baseada em IA para detectar erros que podem passar despercebidos em revisões manuais.
A seguir, confira as principais aplicações práticas da automação:
- Geração de documentos jurídicos: ao invés de redigir contratos, petições ou procurações manualmente, a automação permite gerar documentos legais a partir de templates prontos, poupando tempo sem deixar a precisão de lado;
- Gestão de casos e processos: com ferramentas de automação jurídica, é possível otimizar a organização e o rastreamento dos casos judiciais em andamento;
- Gestão de compliance: softwares especializados em gerenciamento de conformidade regulatória e gestão de riscos (como o upMiner da upLexis) automatizam checagens e investigações de terceiros - como parceiros, fornecedores, clientes e colaboradores - para assegurar o compliance e prevenir riscos associados;
- Pesquisa e análise de documentação legal: a IA entra em cena para localizar leis, processos e contratos com agilidade, assim como obter insights estratégicos e valiosos em poucos segundos.
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- Comunicação com o cliente: com o uso de e-mails automatizados e chatbots, é possível manter os clientes informados sobre o status e atualizações dos casos;
- E-discovery: os recursos de automação otimizam a detecção, a coleta e o processamento de evidências digitais para litígios.
Por que investir em automação jurídica?
Aumento da eficiência e da acurácia
Para se ter uma ideia, um estudo da Thomson Reuters mostrou que o uso de recursos de automação com IA pode poupar até 4 horas semanais de trabalho por profissional e gerar cerca de US$100 mil em “tempo faturável” a cada ano.
Além do incrível ganho de eficiência e produtividade, essas ferramentas também detectam erros e inconsistências difíceis de serem identificadas pelos olhos humanos, maximizando a acurácia.
Fortalecimento do compliance
Por meio de sistemas automatizados de monitoramento de conformidade, é possível manter a atenção em relação aos requisitos regulatórios, protegendo as organizações de potenciais riscos e penalidades.
Redução de custos
Na prática, a automação auxilia equipes enxutas de Direito a operarem com menos recursos, reduzindo as despesas operacionais e melhorando os resultados.
Quando investir em tecnologias de automação?
Depois de abordarmos as vantagens da adoção dessas ferramentas, fica claro que a automação jurídica é o futuro do Direito - e esse futuro é agora. Nesse sentido, escritórios de advocacia e departamentos jurídicos em geral podem se beneficiar do investimento em soluções de automação inteligentes, acompanhando as tendências do mercado e mantendo a competitividade.
Porém, existem sinais importantes que indicam que é hora de investir:
1. Volume alto de tarefas repetitivas
Se sua equipe dedica boa parte do tempo a atividades manuais — como elaboração de contratos, conferência de documentos, gestão de prazos ou atualização de planilhas —, a automação pode:
- Reduzir o retrabalho e o risco de erro humano;
- Liberar tempo para atividades estratégicas;
- Aumentar a produtividade sem ampliar o time.
2. Prazos e demandas estão saindo do controle
Quando o jurídico passa a perder prazos, acumular processos ou demorar para responder áreas internas, é um claro sinal de que os fluxos manuais não dão mais conta.
Automatizar tarefas e alertas ajuda a organizar a rotina e manter a previsibilidade.
3. Custos operacionais crescentes
Planilhas, retrabalho e processos lentos consomem recursos. Automação reduz horas improdutivas e pode gerar economia significativa com atividades como controle de contratos, compliance e due diligence.
4. Crescimento do negócio sem aumento proporcional de equipe
Quando a empresa cresce, o jurídico tende a receber mais demandas (contratos, litígios, pareceres).
Se a estrutura não acompanha o ritmo, é hora de buscar automação para escalar a operação com eficiência.
5. Falta de visibilidade e dados para decisão
Se você não consegue responder com rapidez perguntas como “quantos contratos vencem este mês?” ou “quanto tempo levamos para fechar um acordo?”, a automação pode fornecer dashboards e relatórios automáticos para uma gestão orientada a dados.
6. Risco de não conformidade
Empresas que atuam em ambientes regulatórios complexos (LGPD, compliance, ESG, anticorrupção) precisam de monitoramento contínuo.
Automação ajuda a garantir que políticas sejam seguidas e registros mantidos corretamente.
7. A liderança quer inovar e digitalizar processos
Se há uma diretriz de transformação digital na empresa, o jurídico pode se alinhar a essa estratégia implementando automações que melhorem agilidade, governança e integração com outras áreas.
Passo a passo: como implementar automação jurídica?
1. Diagnóstico e mapeamento de processos
Antes de automatizar, é essencial mapear o fluxo de trabalho atual:
- Quais tarefas consomem mais tempo (ex.: elaboração de contratos, controle de prazos, pesquisa de processos)?
- Quais etapas são manuais, repetitivas e suscetíveis a erros?
- Quais sistemas já estão em uso (ERP, softwares jurídicos, planilhas, e-mail)?
Vale acrescentar essa etapa permite identificar gargalos e priorizar o que realmente precisa de
2. Definir objetivos e indicadores
Estabeleça metas claras para o projeto:
- Reduzir o tempo de elaboração de documentos em X%
- Diminuir custos com atividades operacionais
- Aumentar a previsibilidade e o controle de prazos
E defina KPIs para mensurar o sucesso: SLA de atendimento, volume de tarefas automatizadas, tempo médio de resposta, entre outros.
3. Escolher as ferramentas certas
A escolha da tecnologia depende do porte e da maturidade da empresa. Algumas categorias incluem:
- Automação de documentos (ex.: criação automática de contratos e petições)
- Gestão de processos e tarefas jurídicas
- RPA (Robotic Process Automation) para integração entre sistemas
- Plataformas de monitoramento judicial (como o upMiner, que automatiza a busca e acompanhamento de processos)
- Inteligência artificial para análise de dados, jurisprudências e riscos.
4. Planejar a implementação
- Inicie com um projeto-piloto em um processo simples e de alto volume.
- Garanta o treinamento da equipe jurídica e o envolvimento da área de TI.
- Ajuste fluxos e valide resultados antes de escalar para toda a operação.
5. Garantir o compliance e segurança da informação
Automação envolve o tratamento de dados sensíveis — especialmente em contratos e litígios.
- Certifique-se de que as ferramentas seguem a LGPD e boas práticas de governança.
- Defina perfis de acesso, rastreabilidade e controle de versões.
6. Monitorar e aprimorar continuamente
A automação jurídica não é um projeto pontual, mas um processo de melhoria contínua.
- Analise métricas periodicamente.
- Busque novos pontos de automação conforme a maturidade da equipe aumenta.
- Integre a automação com outras áreas (financeiro, compliance e riscos, entre outras).
Imagem: Freepik